sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A volta


Volto a lugares vividos, encontro gente semelhante às de antes. Até iguais...
Outrora busquei o que hoje habita em mim.
Em momentos de reflexão era pequena a compreensão. Como se buscasse qualquer coisa que fosse eu.
A busca cessou. Cenário, igual. Companhias, igual. Amores, idem. A busca cessou.
Já não sou mais quem chora nas partidas com o peito partido em saudades.
O vazio se encheu e derrama dentro de mim.
Agora, plena, posso notar o que faltava. O que buscava e não sabia.
Os lugares mudaram, povo foi e veio... Novamente se foram. Ainda mais vieram...
O tempo, a geografia, as descobertas científicas, as devastações no mundo e em meu coração... Tudo ocorreu. Tudo mudou. Tudo aos berros. Tudo calou.
De tudo o que faltava, hoje estou cheia.
 Agora, aqui, sou eu, cheia de mim.

Toda Luz


A minha luz é minha
Luz do sol também

Quando nua, brilha mais ainda
Sob luz do meio-dia

Sem sombra e dúvida,
Envolvida

Como a vela tocada pelo sol
Branca se revela

Tocada por teus olhos
Toda luz é minha

Referência ao poema Paisagem pelo telefone de João Cabral de Melo Neto.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

segredo de harmonia

tudo é...

aceitável
justificável
compreensível

aceita as justificativas e compreende
que cada um é uma verdade
e toda verdade é una

eis um segredo de harmonia.


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

o nascimento da manhã

que tuas lutas estão acabando? duvide.
terás de lutar dia a dia
trabalho não termina e nem todos tem salário
a vida no campo talvez não dê dinheiro, mas o cheiro do dia nascendo
os pingos calmos de orvalho, os pássaros cantando e periquitos aos berros
essas são as recompensas verdadeiras

quando a casa cai é momento de reconstruir
mas porque tanta dor? reconstruir é bom, é valor
acha que não tem força? experimenta viver

não sai do silêncio
sai na chuva, sai no sol
molha e queima, vê os pingos de luz
tu és a própria luz
tu és a verdade nua
universal

navega e vai, quebra e cai
levanta e senta, acalma essa euforia
não terás tudo enquanto tudo quiser
terás tudo quando tudo aceitar
aceita tua condição de marionete e deixa o Mestre conduzir

abre os braços para a vida que recebes
diz bom dia, acordando tarde ou com o sol
o dia bom nasce de dentro para fora no encontro de luz
e corta a névoa da indisposição
diz, pois, essa é tua posição

na compreensão o coração é brando
na gratidão ele é leve
na disciplina, firme
e mesmo que a lida não acabe - pois acredite, ela não acaba
tudo se converte em felicidade
quando a felicidade é você



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

não chora, mainha.

mainha, eu vou embora
vou embora da bahia
noutra baía vou morar

mainha, a gente já se amou tanto...
pequenina deitava em tua cama
"papai, mamãe... Mamãe, papai"

lembra, mainha, dum tempo de guerra
em que nossos olhos cortavam em mágoas
e não deixavam falar o amor?

pois é, mainha... Agora me vou...
antes de ir, aprendi de novo te amar
amor puro e mais forte que nossas diferenças

levo comigo, mainha, este amor
e hoje te dedico dia-a-dia
o que amanhã será lembrança

mas eu volto, mainha...
o rio é logo ali e meus pés precisam sentir este chão
foi Deus quem me chamou e falou ao meu coração

chora não, mainha
chora não...
chora não que eu choro também

Me trouxeste à luz do dia
mas eu sou do mundo e você sabe
agora a alma precisa voar

fica assim não, mainha
a gente não se carinhou todo dia
mas é lá dentro que fala esse amor

um poema só seu, mainha
é a primeira vez que te dedico todas as linhas
te respondo em palavras o amor que me deu

não chora, mainha
mainha, não chora
chora não, mainha

eu amo você.

domingo, 2 de dezembro de 2012

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

música


O ventre de Pernambuco é um solo iluminado sob a lua fértil
de quem entregou um ser tão ao povo seu,
sertanejo ou não, retirante ou não,
entra dentro do país, o povo de seu Luiz

(...)
A mesma mão que cava o solo
ataca o couro do morto animal

(...)
Mão que lavra a terra invoca o som de dentro dela
vem dela a música em mim
de lá para dentro de mim

A mão que toca o chão, toca bongo, toca eu
é uma surra de não sei parar
mãe bate, e bate com amor

(...)
Na terra mãe, a lua toca o sol de manhã
o sol toca o solo
o solo sou eu

Terra que dança dentro de mim.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

deixe a paz chegar...

Até que encontre dentro de si a paz, palavras, pessoas, músicas, noites... Serão marés.
Todo o frenesi é temporário. Permanece o Eu, o imaterial, a companhia incondicional.

Quando o ego se deita junto com os afagos ilusórios, o Eu acorda. 
E não importa por quanto tempo esteve esquecido, Ele demanda sua respectiva atenção.

As manhãs serão lindas e serenas, perfeitas para refletir sobre a noite que passou e recomeçar de onde a luz do sol e o canto dos pássaros lhe permitam ver e ouvir.

O maior valor da vida que pode existir está dentro de você. Mas somente o silêncio, sem busca ou angústia, lhe permite saber.

E quando encontrar essa paz, segurança e plenitude, não contará para ninguém e todos saberão, saberão mesmo assim.

Humildade é sabedoria que alcançamos quando deixamos o silêncio falar.

Deixe a Paz chegar...

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O dom.

Prevendo a falta que faria, tentou evitar sua companhia
Ignorou os primeiros sinais de afeto. Olhares discretos ignorou
No persistir a firmeza foi vã. Cedeu.

Mania, essa de amar e amar
Mania de escutar na pele a cor da energia e se entregar
Mania de abrir as portas ao que não se sabe
Mania de tanta obediência
Mania de doar.

Ainda bem que não chora mais
No silêncio da maresia já sente o sopro da brisa leve
Na beira da maré o seu sorriso faz fluir felicidade
E deixa passar ao coração, amor e solidão. Ambos irmãos.

Longe daquele, com carinho, o universo diz mais uma vez
Que o caminho foi feito sob medida para este eu doador
Que dor a dor é dó e ardor
Mas não se cansa de doar
Pois é seu dom: O Amor.



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

terça-feira, 13 de novembro de 2012

eu vou

viver no rio
entre o mar e a montanha
no quintal da floresta
me banhar de baía
iá iá iá

protegido pelo cristo
leve no alto
eleve nos braços
seu filho redentor
eu vou eu vou


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

só riso

so
sorri
sorriso


só ri
só riso

só isso.

Luna


Ela gosta de ficar solta no chão... Como nós, pequenas na varanda, no quintal, no sertão...

Sua inspiração é no céu, onde por vezes está cheia. Noutras fases nem se mostra para a Terra, planeta que te sombreia.

Entre a Terra e o Sol está ela, aquela que rege a maré e a plantação na orquestra divina da fertilidade.

O nosso satélite é natural daqui de baixo. Materializada por um ventre sereno que tanto sonhou com este momento abençoado pelo Pai maior. Consolidado por seu amor.

Hoje, é a alegria de nós todos e não poderia deixar de ser, pois é sua a própria alegria.

O sorriso da nossa lua é infindável, e carisma também. Nasce no rosto o brilho daquela de cima, num tanto igual. Quem a vive não se contém, sorri contigo também.

À beira de concluir a primeira translação, monossílabos nascem de sua fonética, fonte de novos nomes para aqueles que a amam.

Popo... Papa... Mãmãmãmãmã...

Pé, cabeça e umbigo... Já sabe onde é.

 O brilho que irradia a vida de um casal, de um lar... Dezenas de famílias o seu brilho a contemplar.

Meninos, meninas, amigos e dinda...

O sol se cala para nossa Luna brilhar.


É a Nuneca de Tiaaaaaaaaaaaaaaaa.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

medita

quando a cuca cutuca inquieta,
melhor amansar a menina.
medita...

rio-ser-tão

Choro como se carregasse aquele sol, aquela árida terra dentro de mim.
O Rio chove em minha escrita, no cheiro da planta que trago de lá.
Carrego a terra comigo, e vivo no mundo que é meu lugar.

morte fértil

A morte de uma planta fortalece o solo
suas mortas folhas nutrem o chão
agora mais fértil para as sementes vindouras.

Antes que a terra chame ao seu ventre
são mortas as cores diversas
de folhas que foram vivas.

Secas sob o olhar de cima,
sozinhas tornam à mãe
que bondosa acolhe, divina.

Água, luz e amor
fazem crescer a semente
E logo, novamente, brota o pão.








sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Grito Guarani Kaiowá


O "superior", desde sempre, chega e impõe, violenta, aprisiona, escraviza, extingue... 
Ao "inferior" faltam recursos para resistir.

Mas nós, aqui no Brasil, nós todos, frutos dessa mistura de nativos com invasores, de que lado ficamos? Aliás, quem somos?

Chega de se vender por títulos e bens materiais. Essa terra nunca foi e nunca vai ser nossa, povo de classe média e baixa. Estamos vendendo nosso céu e nosso chão para os "superiores" e só porque, nesta hora, a arma não está apontada para nossas cabeças, nos omitimos.

Chega de omissão, cada um se manifesta como pode. Os índios, de quem descendemos direta ou indiretamente, são brasileiros como, e antes de nós.

Anularam nossa língua, destroem nossa diversidade natural e dignidade e agora querem eliminar nossa brava gente pela rara coragem de morrer para salvar a honra do seu povo. 

Para preservar,vamos multiplicar, como possível, os Guarani Kaiowá. 

Chega!!!!!!!!!!!

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Repousar... Flutuar...

Certas vezes
uma certeza além-mim é o que escuto
lá de dentro
ou vejo
aqui de fora

Uma mensagem que recebo
como se alvo eu fosse

Através de súbitos olhares
despretensiosos pensamentos
indizíveis sensações

coroados sentimentos
pelo presente da verdade:
a natureza da alma

o silêncio me leva aonde ser é tudo
e ser é nada

repousar...
flutuar...

Divã.

Dia nublado
as nuvens brincam de esconde-esconde com as montanhas
o vento é leve, mas frio que só.

As aves marinhas estão a cumprir seu papel
navegando conforme o vento
pescando de tempo em tempo
mantendo o equilíbrio
por suas asas, penas e bicos.

Os surfistas estão agasalhados
e o quadro em que viajo se ampara
neste humilde olhar sobre a miragem fluminense.

A areia de Copa é meu divã
seu mar e céu de pedra a vista,
o quase-silêncio da segunda chuvosa
são os mestres d'um solitário andarilho

E se o caminhante buscador abusa
da malemolência de suas ondas meninas
é poesia universal
harmonia e rima.

sábado, 27 de outubro de 2012

vinte e seis.

Continuo a pensar em você
Todos os dias

Alguns dias falo em você
Tira-teimas inesperados me dizem necessária a sua presença em mim
Por vezes acredito, outras reluto

As evidências não deixam de vir
Tento conter meu coração
O mantenho sereno por ser o amor genuíno. Incondicional

O rio continua a correr
Em alguns momentos eu tento parar.


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

eu te amo.

eu te amo
meu coração pensa em ti
meu coração não sabe amar
alguém que não você

eu te amo
e te vejo
te vejo de longe
te vejo

te amo
e conto a quem sabe ouvir
o que a ti não posso dizer:
eu amo, amo você

liberdade

se permita o prazer de ser descoberto
libertando a angústia do tanto buscar

te encontram os calos e frases
as folhas e rios

frio, calor, calafrio

coração
calma
frenesi

apenas sinta.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

eu, infinito.

Que não viva apenas para o mundo lá fora. Para o outro.

Lá dentro de você tem uma comunidade de pensadores pedindo atenção para compartilhar ideias e reflexões magnetizadas com o infinito. 

Quando o belo toca o Eu, aprimora a convivência com o mundo lá fora. Com o outro.

domingo, 30 de setembro de 2012

Periferia. Um lugar para ser humano.

Ela é uma menina doce e adorável; dispersa vez por outra, como os demais. Mas a faixa etária justifica.

Desde o primeiro encontro da Oficina de Arte -Criação e Expressão, que ministro voluntariamente às crianças do bairro do Uruguai, ela pouco faltou.

Semana a semana e a Bia está lá.Ela tem um rosto delicado e um molejo de parar a turma. Quando balança aquele pescoço, então... A Bia é uma linda!

Linda porque quer para si o mundo que lhe chega; linda porque aproveita o que lhe vem. E justo porque vive esses momentos, a Arte lhe toca. E a sábia menina a canta. 

Já sentia o seu crescer, o seu voar... Eu sentia a Bia.

E a sua sensibilidade ainda me ensina, pois até então eu não tinha articulado um pensamento sobre o assunto. 

No último encontro a Bia me emocionou dizendo: "Eu aprendi a me soltar mais desde que comecei a vir para cá."
Eu lhe respondi: "A ideia é essa, Bia."

Outro dia, na Criação Literária Coletiva, ela também me emocionou com sua participação no poema sobre Imaginar, dizendo: "Uma vez imaginei um casamento em que homem usava vestido e mulher paletó." Eu, além de vibrar na hora com eles, fico o resto da semana contando para todo mundo o quanto valem esses meninos.

Tem dias que estão fervendo e fumaçando para fora do bule. Brincam, brigam, desconcentram os outros... Eu sou cada vez mais direta: "Só venha se trouxer o seu coração para a Arte. Qualquer outro motivo que tenha para vir, não é suficiente válido."

Mas, cada um no seu tempo, nos encontramos neste caminho. Juntos vamos caminhando neste amor que o torna cada vez mais longo e valioso, como esses meninos.

A Bia, minha aluna mais dedicada, presente e empenhada, tem, além de todas as outras qualificações, poder de levar seus amigos para fora daquela sala, através de mim. Sua missão consigo mesma já começa a se consolidar nesta primeira década que a traz, e estou certa de que sua sensibilidade a permitirá ir tão longe...

Também os demais, cada um no seu momento.

Sim, eles tem ideias, alegrias, cores, idades, gêneros... Grandes pensamentos brotam daquelas fontes.

Mas se a gente não for lá futucar para aprender com eles, parecerão sempre o outro, o outro lado. E não são. 

São do nosso lado humano.

Muitas coisas me deixam feliz. Muito feliz essa coisa de ser humano.

sábado, 29 de setembro de 2012

o mar do amor

                                      
aqui se conhece, vive e vê. 
Como pode um ser se ver no outro assim?
mesmo sem se ver, sem querer
de cem em cem anos, no outro mês talvez...

o amor vive por si só
dois corpos materializam
a energia que se faz corrente
entre os dois não há dúvida, há amor

mesmo que sob a ausência do eu
mesmo que sobre a presença o ego 
são dois dentro do tudo
e tudo dentro dos dois

no mundo há um turbilhão de cenas
de seres que pensam que sabem
mais sabe o amor
e Quem o criou, Este sabe

quem ama sente
quando põe a dor para dormir
o amor sorri

corre na chuva feliz
a chuva corre para o mar
e o mar do amor é maior que qualquer dor
pois ele a contém

e se os corpos são saudade
o mundo está a par 

passam cem anos
um mês talvez
o amor verdadeiro, aquele que poucos sabem
nunca termina


se terminasse não seria amor




sexta-feira, 28 de setembro de 2012

turbilhão de coisas

(um poema para minha amiga Lili)


Se há lá dentro um turbilhão de coisas, é confusão
Mesmo que não sejam objetos, é confusão
Então sopra lá dentro, respira fundo e busca o silêncio

Não tenta ouvir uma música para outra esquecer, é ilusão
Dor é fruta que dá no tempo
Deixa doer para crescer, é bom

Alegria anseia a tristeza abafar, é do coração
Mas a tristeza quando quer dizer
Não tem jeito de não escutar
É a razão

E estar só é tristeza? É não
Deixa o tempo falar
Deixa o amor repousar

Quando assenta poeira
Fica mais azul
O céu do fundo de nós
Passarinho canta de leve
Vida passa tranquila, sorrindo

Porque a paz se faz primeiro
Na estação presente
Dentro da gente
Dentro da gente...
Depois no mundo inteiro



Eu te amo, minha Lili!!!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

domingo, 2 de setembro de 2012

a simplicidade e a grandeza.

      

A gente vive em busca de mais
do maior
melhor

até encontrar a  maestria 
na pequenitude de cada coisa,
cada ser,
cada dia

toda essa miudeza 
esconde na contemplação
o segredo de ser gigante 
pela própria natureza.


Desestreita o caminho que a estrada é longa e o tempo é filho seu. E também o seu senhor.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

a escolha é seguir.


Não escolhemos nossos caminhos, 
são eles que nos escolhem.
Se no sopro breve o coração é leve, desacelera devagar... 
respira fundo e calmo, 
olha de trás dos olhos individuais, vê o todo... 
escuta com os ouvidos, mas também com a pele, com as mãos...

A mensagem é clara mas carece concentração, no coração. Carece não canalizar, se abrir para o mundo, 
deixa ele falar.

O Pai, Criador, Universo mostra a todo instante 
e quando perceber, verá 
que está, antes de qualquer lugar, dentro de você.

Recebe e segue no caminho que é seu. 
Sente a dor, sente o amor, sente...
É todo seu
o caminho que te escolheu.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

rodrigo


você é meu porto seguro
com quem vivo sempre à deriva
e mesmo sem saber aonde vou
jamais me vejo perdida.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Profissão Maternidade.


A maternidade é uma profissão que não tem remuneração financeira e nem plano de carreira, mas requer toda dedicação possível diante das outras necessidades materiais e do aprendizado ilimitado que os filhos e o amor nos proporcionam para lidar com as demais atividades existenciais.
     

sábado, 18 de agosto de 2012

Enquanto você retorna...




A meditação me ajuda a compreender muitas coisas deste lado espiritual, que estão além de constituições ou estudos científicos. Este lado particular, único, que fora da condensação é unidade do todo sem limitações corporais. 

Termino meu ritual um pouquinho mais sabida, com uma respiração mais fluída, um coração mais compassado e uma mente mais expandida para ver e sentir tudo isso que vivo, acrescentar ao que vivi e deixar abertas as portas para tudo o que ainda vem. Porque vem e já está planejado.


Enquanto você retorna para a cidade das águas, sua Tibagi, vou seguindo no fluxo das águas universais, certa da coordenação sagrada e de que ainda tenho muito o que viver, chorar e sorrir.


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Fragmentos do Infinito.

Naquela experiência o meu corpo não passa de um abrigo ao tudo que sou em minha grandeza. 

Pequenino grão de luz se espalhando pelos jardins astrais como uma criança. 

E somos flores, somos índios, somos cores, formas e movimentos involuntários, porém não desordenados

Pois o mesmo Guia que a tudo criou, monitora minha experiência, compreensão e evolução: O encontro comigo mesma. Me diz que sou o tudo e o nada, a brisa e a tempestade, força e fragilidade. 

Aquela experiência concede-me um diálogo com o Pai. Ele me diz que sou indestrutível, que nada pode reduzir o tudo que sou, porque sou Ele. E toda a matéria é, sim, ilusão

Criações e conceitos humanos para descrever, destacar, hierarquizar e separar os homens dentro de sua própria espécie

A unidade perdida em separação. Fragmentos do infinito borbulhando enquanto deveriam escorrer na liquidez universal

Não percebem ainda que a verdade é maior, muito maior que tudo isso. 


A verdade é todos nós e só nos encontramos quando nos sentimos parte dela. 


                                 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Revelações do Universo.


No réveillon desse ano estava eu no camping em Massarandupió. Minhas amigas tinham ido à praia depois dos fogos na praça do pequeno vilarejo da única praia baiana naturista que conheço. Aonde adoro ir.

Pólen quis voltar para dormir no acampamento, e só depois, sozinha - com uma garrafa de champagne, uma seleção musical minha, um céu sobre árvores e um imenso refletor-satélite-natural, iluminando toda a exuberância com o auxílio luxuoso do deus da luz: o Sol – percebi a missão do meu filho em retornar para um lugar pouco provável naquela noite de festa.

Normalmente passo de um ano para outro com ele e vivo momentos celestiais por conta de decisões suas, acatadas por mim para atender ao desejo do meu fiel companheiro, meu anjo, como aconteceu de 2009 para 2010.

Depois da contagem regressiva, dos abraços trocados e elevação com o mantra na praça do Vale do Capão, ele me arrastou da vila para o camping antes de todos. Como no primeiro momento em Massarandupió, fiquei um pouco contrariada, mas o hábito de ouvir e obedecer com tranquilidade ao Universo me vem de datas anteriores e sempre me confortam em todas as mensagens reveladas depois. Os filhos são mediadores das mensagens de Deus. E eu aprendi a compreender Deus quando comecei a escutá-Lo.

Pois, voltando da vila no Capão, meu corpo sentia uma energia tão forte em volta da pele, como se fosse uma camada de proteção ao escandaloso frio que me sugeriu proteger Pólen, lhe emprestando o meu casaco, deixando só o vestido de algodão e manga curta sobre meu corpo. Só me dei conta daquele frio depois que cheguei lá em “Nenel” e ouvi o céu desabar em tempestade, e no dia seguinte quando os que ficaram na praça me contaram as “devastações” daquela noite gelada e encharcada.

Pólen me levou de volta ao nosso quarto naquela noite como mediador de uma proteção, mas essa não foi a única revelação, e de longe a principal mensagem daquele portal do calendário humano.

A lua me hipnotizara no caminho de tal maneira a ignorar o frio daqueles dez minutos, na larga e escura trilha da vila até “Nenel”. Nada me tocava além dela, soberana lá no céu. Minha mãe.

Minha mão segurava Pólen e todo o resto estava lá no alto, junto dela. Talvez dentro, talvez em cima, talvez fossemos naquele instante, novamente, apenas uma. Inesquecíveis as primeiras horas de 2010, como em 2012...

Hoje, mais amiga do tempo, folheio meu caderno de memória com as mensagens de ano novo tão claras quanto misteriosas. Claras pelo que já me revelaram, misteriosas por saber que estou num ciclo-mor em que descobertas não se findam.

O novo ano dizia que a filha do universo viveria um 2010 violento como aquele frio do Vale, mas estaria protegida pelo manto da lua, da Mãe. Viveria na escuridão, mas teria Sua luz a guiar todas as noites. Ela estaria sempre ali, assim como as folhas que fechavam a trilha. Se não soubesse apreciar o escuro da noite e acreditar no seu verdejar amanhecer, me sentiria perdida, como de fato aconteceu por diversos momentos desse histórico ano de redenção. Mas o vento me revelaria fruto da terra, da floresta, do sol e da lua.

Em março, o mato das dunas de Natal me presenteia com uma visita tão clara quanto misteriosa: O encontro com uma cobra verde-cinza, logo depois de contemplar o nascer do sol dentro da reserva do farol de Mãe Luiza, me diria algo tão surpreendente quanto tranquilizador. A paternidade do infinito Criador era cada vez mais intensificada em mim.

O ano de 2010 foi profetizado em seu nascimento, assim como 2012, quando estava ali naquela esteira com a noite, eu e ela abraçadas pelo Mundo. “Encontrará consigo mesma e será um encontro sublime. Quando menos esperar, onde menos esperar: Se encontrará... A música lhe trará o prazer da dança, o bailado divino. O silêncio será seu forte aliado a partir dessa jornada e a solidão sua melhor companhia, pois nela se encontrará Comigo, cada vez mais disciplinada, cada vez mais firme, cada vez mais filha.” Deus, através de Pólen e das primeiras horas de 2012, me revelara.

E se houve a realização? Sim. Em 2012 me reencontrei no outro. Me reencontrei no sagrado, no divino. Me reencontrei na natureza, nas minhas origens de terra, na terra e pela Terra. Me reencontrei no amor e me reconheci.

Conhecimentos tão claros quanto misteriosos...

Obediente, eu sigo no caminho da redenção.

sábado, 4 de agosto de 2012

A meditação do amor


"...Porque essa passiva ação me esvazia das ilusões e permite falar a única verdade dentro de mim: Deus. Que sussurra, cantarola e às vezes até fala firme, através da minha consciência. Mas fala de um belo incrível, compreensível, meu. E traz toda essa beleza do mundo, me permitindo compreender o amor de dentro para fora e de fora para dentro, de um lado para o outro, de baixo para cima e de cima para baixo. 
Compreendo este amor aqui de dentro, no vazio da angústia, no silenciar da ansiedade, no pulsar da calma eu vivo em paz. 
Vivo contigo e vivo em paz."

trecho do livro que estou a escrever, ainda sem título.


quinta-feira, 26 de julho de 2012

terça-feira, 17 de julho de 2012

Emanuel - O Enviado de Deus.

Ele nasceu na metade do século. Velho Chico lhe trouxe à luz em Juazeiro da Bahia. E só em escrever essas palavras "Juazeiro da Bahia" minhas lágrimas escorrem quentes como o sol que ilumina as correntes do rio guerreiro, guerreiro como ele.

Eram nove crianças, cinco meninos e quatro meninas. Da sua mãe herdou o coração leve, do seu pai a profissão.
Todos tinham que estudar mas ele não queria, não gostava, outras coisas o atraiam mais. A natureza, a música, o mar, o sertão... Por que tem de fazer o que todo mundo faz quando o dinheiro não atrai?

Dos nove seguiu a linha do pai e sua lida era a linha do trem, cortando o estado com os vagões cheios de minérios e à sua volta uma Bahia pouco tocada e muito desejada por aquele rapaz.

Menino vivia a badogar passarinhos, nas férias em Itumirim. Quando o subúrbio ferroviário de Salvador era quase inacessível ele corria para a beira da maré, para os matos urbanos. Sempre um menino da terra. Sempre um menino.

"O meu pai trabalha na Rede Ferroviária Federal, Sociedade Anônima - RFFSA)" eu dizia. "Ele é maquinista". Saia cedinho, levava sua marmita, às vezes passava dias fora, mas estava sempre em casa. Em Contendas do Sincorá, em Brumado, em Cachoeira, em Santo Amaro... A casa do meu pai é o mundo e quando a máquina o aposentou, duas rodas lhe sustentaram para ir ainda mais longe. De bicicleta foi ao nascer do São Francisco, e foi à sua Foz também. Minas, Maranhão.... A Chapada Diamantina já deve dizer: "Lá vem ele outra vez!" Como dizia minha vó Miúda, sua sogra, quando o trem atravessava a ponte de manhã cedinho, chegando em São Félix: "Lá vem Manué!" E eu menina que adorava o interior, adorava quando ele chegava para dormir todo o dia e à tardinha me levar para passear nos paralelepípedos do nosso Recôncavo.

Cresci assim, colada nele quando podia. Depois de três filhas meninas, um homem teria de vir.. Sou menina, mas sou Paraíba.Sou sua filha, sou seu rapaz.

E assim cresci com este senhor que veio servir. Não posso calcular o benefício que ele é para a humanidade em sua volta mas para mim ele é a referência do aprendizado e do seguir no caminho espiritual. Com ele aprendi o que palavra nenhuma pode explicar, mas os momentos contam muito bem.

No Cine Bahia a gente assistia Batman e O Parque os Dinossauros.
Na feira de São Joaquim a lama preta respingava na gente e o umbu sempre deixava meus dentes rangindo. De lá voltávamos no trem, cheios de sacões.
De trem íamos também à Calçada, para o baba do fim de semana, que ele jogava com Catorze, Jovem, Jorginho, Clóvis e Raimundão. Eu era a torcida do meu pai. E tinha um beco perto do Bradesco onde ele me levava para comer corvina frita. As (outras) meninas não curtiam muito essas paradas que eu amava. Quando estava do seu lado tudo era mágico, porque não eram os lugares, era ele.

Antes dos meus doze anos, me ensinou o frescobol, o esporte do equilíbrio. E a concentração, e a preocupação com o parceiro, e as ondas da maré, e o pôr-do-sol, e os meninos empinando arraia na praia... Ah! Já empinamos arraia na praia. O céu enfeitado com nossos passarinhos de papel.

De bicicleta fomos no recôncavo, na linha verde, mas o primeiro pedal juntos foi só nosso, até Santa Bárbara. Um sol de lascar e uma alegria que nem te conto.

As pescarias de noite eram mais calmas, muitas estrelas no céu e uns peixinhos no anzol. Na volta ele me amarrava uma corda no tronco, eu me jogava na água. O vento soprava o saveiro e meu pescador me arrastava como uma linha de espera até chegar na beira da praia. À minha mãe só faltava um infarto. "Olha o que ele faz com a menina! E essa besta ainda vai!" Éramos bestas, e ainda somos bestas. De rir um do outro, de rir de pequenas coisas, de ser feliz. Adoro ser besta com ele.

Ele agora estuda violão. Adoro sentar no quarto para ouvi-lo tocar. Adoro cantar com ele. Tem hora que ele diz: "Você não sabe!" Eu respondo: "E você sabe?" Rimos juntos. Rimos muito.

Ele: "Pantera, como coloco essas fotos aqui no facebook." Eu: "Ihh, Teuzinho, você é muito chato!"

Neste dia 16 de julho de 2012 ele fez aniversário. Não nos falamos, ele está com sua mãe no Jorro, no seu Ser-Tão, dedicando amor àquela que o fez por toda vida, agora cansada mas com a sabedoria que poucos somam em uma jornada. Dona Aydil... Ele se lembra dela com uma admiração de brilhar os olhos. E aproveita o quanto pode para estar no colo da sua mãe. Fico bem quando ele está lá, porque lá ele bem também está. 

Neste dia do seu aniversário, não trocamos palavras mas esteve presente comigo por todo o dia, por toda a vida.

Depois que maturei descobri que não é só meu pai, é minha alma gêmea. É um guia que Deus designou para me compartilhar a sabedoria, para eu crescer no coração, na alma, no universo e no propósito do Pai. 
Por isso que veio como meu Pai.

Feliz Aniversário, Emanuel Pinheiro França. A minha vida é você.
 
 


sábado, 14 de julho de 2012

Os matos do meu jardim


No meu jardim de apartamento
Tem plantas em vasos
Elas tem pouco espaço
E crescem sem parar

No vaso das plantas
do meu jardim de apartamento
vez por outra nasce um mato
que não consigo arrancar

“E só é mato porque a gente não sabe o nome”
disse uma das flores do meu jardim

O mato nasce no vaso da planta
do meu jardim de apartamento
além das flores, namoro também o mato
e não consigo matá-lo

O tempo passa no apartamento
e os matos dos vasos das plantas do meu jardim
florescem como grandes nomes da natureza
sorrio para eles, brincamos com graça
sou grata por suas vidas
por não lhes ter condenado
por serem apenas mato

Os matos dos vasos das plantas do meu jardim de apartamento
me fazem um bem danado!

velo cidade




carros correm na veia
correm como cães raivosos
seus ruídos violam a alvorada
na rua que via, na rota vã


voa a noite vazia
do reino devorado
pelos roedores da vida
pelos rivais do universo


a veia então interrompe o rio
é a viagem do réu
que corria e agora vaga
venerando o canto rubro da dor