sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A volta


Volto a lugares vividos, encontro gente semelhante às de antes. Até iguais...
Outrora busquei o que hoje habita em mim.
Em momentos de reflexão era pequena a compreensão. Como se buscasse qualquer coisa que fosse eu.
A busca cessou. Cenário, igual. Companhias, igual. Amores, idem. A busca cessou.
Já não sou mais quem chora nas partidas com o peito partido em saudades.
O vazio se encheu e derrama dentro de mim.
Agora, plena, posso notar o que faltava. O que buscava e não sabia.
Os lugares mudaram, povo foi e veio... Novamente se foram. Ainda mais vieram...
O tempo, a geografia, as descobertas científicas, as devastações no mundo e em meu coração... Tudo ocorreu. Tudo mudou. Tudo aos berros. Tudo calou.
De tudo o que faltava, hoje estou cheia.
 Agora, aqui, sou eu, cheia de mim.

Toda Luz


A minha luz é minha
Luz do sol também

Quando nua, brilha mais ainda
Sob luz do meio-dia

Sem sombra e dúvida,
Envolvida

Como a vela tocada pelo sol
Branca se revela

Tocada por teus olhos
Toda luz é minha

Referência ao poema Paisagem pelo telefone de João Cabral de Melo Neto.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

segredo de harmonia

tudo é...

aceitável
justificável
compreensível

aceita as justificativas e compreende
que cada um é uma verdade
e toda verdade é una

eis um segredo de harmonia.


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

o nascimento da manhã

que tuas lutas estão acabando? duvide.
terás de lutar dia a dia
trabalho não termina e nem todos tem salário
a vida no campo talvez não dê dinheiro, mas o cheiro do dia nascendo
os pingos calmos de orvalho, os pássaros cantando e periquitos aos berros
essas são as recompensas verdadeiras

quando a casa cai é momento de reconstruir
mas porque tanta dor? reconstruir é bom, é valor
acha que não tem força? experimenta viver

não sai do silêncio
sai na chuva, sai no sol
molha e queima, vê os pingos de luz
tu és a própria luz
tu és a verdade nua
universal

navega e vai, quebra e cai
levanta e senta, acalma essa euforia
não terás tudo enquanto tudo quiser
terás tudo quando tudo aceitar
aceita tua condição de marionete e deixa o Mestre conduzir

abre os braços para a vida que recebes
diz bom dia, acordando tarde ou com o sol
o dia bom nasce de dentro para fora no encontro de luz
e corta a névoa da indisposição
diz, pois, essa é tua posição

na compreensão o coração é brando
na gratidão ele é leve
na disciplina, firme
e mesmo que a lida não acabe - pois acredite, ela não acaba
tudo se converte em felicidade
quando a felicidade é você



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

não chora, mainha.

mainha, eu vou embora
vou embora da bahia
noutra baía vou morar

mainha, a gente já se amou tanto...
pequenina deitava em tua cama
"papai, mamãe... Mamãe, papai"

lembra, mainha, dum tempo de guerra
em que nossos olhos cortavam em mágoas
e não deixavam falar o amor?

pois é, mainha... Agora me vou...
antes de ir, aprendi de novo te amar
amor puro e mais forte que nossas diferenças

levo comigo, mainha, este amor
e hoje te dedico dia-a-dia
o que amanhã será lembrança

mas eu volto, mainha...
o rio é logo ali e meus pés precisam sentir este chão
foi Deus quem me chamou e falou ao meu coração

chora não, mainha
chora não...
chora não que eu choro também

Me trouxeste à luz do dia
mas eu sou do mundo e você sabe
agora a alma precisa voar

fica assim não, mainha
a gente não se carinhou todo dia
mas é lá dentro que fala esse amor

um poema só seu, mainha
é a primeira vez que te dedico todas as linhas
te respondo em palavras o amor que me deu

não chora, mainha
mainha, não chora
chora não, mainha

eu amo você.

domingo, 2 de dezembro de 2012