segunda-feira, 7 de junho de 2010

06 de junho


E se fosse so mais uma dia?
E se fosse mais uma noite so?
E se um ano trouxesse so mil alegrias?

Os dias não são "so-s"
As luzes não brilham so-zinhas
E tu não é menina de um sol so

Você é minha so
Os seus são tão seus que so
E se teu so-rriso e coerência fossem de um so ser
O mundo não respiraria a originalidade que o vento so-pra em você

Que bom que você veio
Que so-rte podermos te ter
Mesmo de luz em luz
Mesmo que de verão em verão

Te gosto tão forte que os olhos ficam fracos
E cabe às mãos enxugarem as lágrimas
So-am em meu rosto de dar gosto

Você é tudo isso... E so
Sendo assim desse jeito
Que raia o Sol
Que o Sol raia

Nada mais, mais nada
É So...Raia.

Feliz aniversário.
Eu amo você.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Biografia Poética Elomar Figueira Mello


Biografia Poética


Elomar Figueira de Melo


(Parte 1: D’0nde vem o menino)
Vovó e vovô da parte da mãe,
abrigo de Boa Vista,
anciões de bem que são,
ao casal que se ajunta aqui no sertão:
Abrigo, amor, trabalho e pão
aos pais do sertano, Ernesto e Eurides


acolhe berço farto e simples.

Bem-vindo, franzino de fraca saúde primeira
retiro à cidade, centro forte da sociedade.
Há de vingar o nosso menino!

Errado homem do campo
leva pro gado o rebento que lhe provará
que da terra nasceu pra mais nunca sair de lá.
Se era na Fazenda, a Boa Vista dos flagelados,
retirantes de seca castigados,
o pouso da esperança de não morrer como gados.

(Parte 2: Trepadeira inspiração)
Depois do pequeno vem Dima e Neide
melarem com o traquino os pés no barro seco.
Terra molhada do tio Vivaldo, do Tio Kelé...

Palmeira recebera
São Joaquim educara
mas é na Quadrada das Águas Perdidas
que pisa seu pé.

Finca na terra que fica por baixo d’ água que passa.
E leva Ele... O leva ao Elo...
do homem com a terra, da terra com o mar.

Me atenta biografia poética de Elomar.
Primeiro emociono, tuas palavras em minha história,
tuas canções em minha vida,
mas eu menina pequena, tão pequenina
curvo na aba da saia e menciono o menestrel da caatinga.

(Parte 3: À busca do menestrel)
Entre sertão e capitá criou mania de desenho
lá e cá já conhecia enredo de notas
e boemia farta sob os olhos de vó Neném.
Tolerância assim os maternos negavam
sua tradição e cultura protestavam,
caminho de estudar se fez necessário .

Todavia do lá guardado desde cedo,
tempos de Krau, Guelê e Serradô,
menestréis errantes,
Zé moleque Cancioneiro
fugido ao côco pela boca da noite
sentado nas barrancas do rio Gavião
clamava por lua fina que clariô violeiro
e peão de amarração arrumou jeito de cantô

Em seu velho testamento, traço claro ficou
dezessete afirma deserança de doutô
som costura máquina e lida de tanger boiada
nem regalia, nem lida regrada
"coisa de vagabundo é sê cantadô."

Valia tocador de viola
vadio violoncelo dum futuro criadô;
ser orgulho de pais por meios convencionais!
Tudo desfeito, sonho morto que não tem mais jeito
Pretérito mais que perfeito.

(Parte 4: Viagens d’um Malungo)
Cá memora uma recente dita:
Artista navega em mão contrária.
Na memória saudosa poetas são loucos, mas conversam com Deus
e o menestrel da multiplicidade arteira?
Herói avesso ao sucesso aplaudido

Sertano arteiro de obra sublime
tão sua que reflete no suor do patriota declarado
com sua licença meu patrão, minha senhora...
vim no lombo d’um jumento,
trouxe peso e dura labuta
na memória o que me trouxe: compadre meu

Se acomode, a casa é de taipa, eu mesma quem fiz
água fresca do “purrão” é a mesma que corre na beira,
quando castiga o sol, ela vem não
bota esperança na deserança da fantasia leiga para um rio seco

Aprecia boiada de pura linhagem
paladar matuto degusta o fruto
palma de mão, palma de chão
malungo que fala com alma traz de arrasto sua multidão

O de longe mata saudade, o de cá é cena cantada
ouviu-se o canto que de volta traria
trouxe no vento seco da tarde, para nós, sua cantoria
canção que sopra, dedos que dançam na corda
de criador para Criador

A força latente orquestra
sertaneza opera em travessia
pois na casa dos carneiros, violas e violeiros
só vivem clamando assim

Adentra lua nova do céu
pois lá na Casa dos Carneiros, sete candeeiros
Iluminam a sala de amor;
Sete violas em clamores, sete cantadores
Para lá vamos todos ao som do moço

Sua bruta grandeza além-musicar
clama por dias melhores
que a chuva pede passagem
nos versos e prosas do trovador.

(Parte 5: Na alcova dos seus)
Dos amigo companheiro cá de Duas Passagens
a quadrada é de valor.
Casou sua mulher com a lei,
pariram os filhos da natureza;
debaixo do braço um rebento
aos nove debanda pras banda de lá
criatura e criação
herança de veia
é ele e João
companhia de corrê trecho

Num chora conforme mulé
eu volto se assim Deus quisé,
vou dá um fora à corda pura
e à cura sem um grão de farinha
A bença Afiloteus!

Eu volto pras curva do rio
modo quê lá na capital o tempo é desonesto
e lugar é porão frio de morte, a lugar algum de tempo meu.

Maldou morte moça mineira maneira de graça Lurdinha.
mais valia tem meu fifó
terra minha, povo meu
nem tão grato, nem tão caro
à vera chão é chão
rebento da seca, me encolho ao cordão.

Dói uns ouvido
ruído que faz eu
engano cumpadre terrano
lá dentro no fundo do ser tão meu
tem uma estrada de areia de ouro
por bandas corta um rio que conta...
venho d’um reino distante, errante e menestrel
bem pra lá do São Francisco, ainda pra lá...
...Ave!