No réveillon
desse ano estava eu no camping em Massarandupió. Minhas amigas tinham ido à praia
depois dos fogos na praça do pequeno vilarejo da única praia baiana naturista que
conheço. Aonde adoro ir.
Pólen
quis voltar para dormir no acampamento, e só depois, sozinha - com uma garrafa
de champagne, uma seleção musical minha, um céu sobre árvores e um imenso
refletor-satélite-natural, iluminando toda a exuberância com o auxílio luxuoso
do deus da luz: o Sol – percebi a missão do meu filho em retornar para um lugar
pouco provável naquela noite de festa.
Normalmente
passo de um ano para outro com ele e vivo momentos celestiais por conta de
decisões suas, acatadas por mim para atender ao desejo do meu fiel companheiro,
meu anjo, como aconteceu de 2009 para 2010.
Depois
da contagem regressiva, dos abraços trocados e elevação com o mantra na praça
do Vale do Capão, ele me arrastou da vila para o camping antes de todos. Como
no primeiro momento em Massarandupió, fiquei um pouco contrariada, mas o hábito
de ouvir e obedecer com tranquilidade ao Universo me vem de datas anteriores e sempre
me confortam em todas as mensagens reveladas depois. Os filhos são mediadores
das mensagens de Deus. E eu aprendi a compreender Deus quando comecei a escutá-Lo.
Pois,
voltando da vila no Capão, meu corpo sentia uma energia tão forte em volta da
pele, como se fosse uma camada de proteção ao escandaloso frio que me sugeriu
proteger Pólen, lhe emprestando o meu casaco, deixando só o vestido de algodão
e manga curta sobre meu corpo. Só me dei conta daquele frio depois que cheguei
lá em “Nenel” e ouvi o céu desabar em tempestade, e no dia seguinte quando os que
ficaram na praça me contaram as “devastações” daquela noite gelada e encharcada.
Pólen
me levou de volta ao nosso quarto naquela noite como mediador de uma proteção,
mas essa não foi a única revelação, e de longe a principal mensagem daquele
portal do calendário humano.
A
lua me hipnotizara no caminho de tal maneira a ignorar o frio daqueles dez minutos,
na larga e escura trilha da vila até “Nenel”. Nada me tocava além dela,
soberana lá no céu. Minha mãe.
Minha
mão segurava Pólen e todo o resto estava lá no alto, junto dela. Talvez dentro,
talvez em cima, talvez fossemos naquele instante, novamente, apenas uma.
Inesquecíveis as primeiras horas de 2010, como em 2012...
Hoje,
mais amiga do tempo, folheio meu caderno de memória com as mensagens de ano novo
tão claras quanto misteriosas. Claras pelo que já me revelaram, misteriosas por
saber que estou num ciclo-mor em que descobertas não se findam.
O
novo ano dizia que a filha do universo viveria um 2010 violento como aquele
frio do Vale, mas estaria protegida pelo manto da lua, da Mãe. Viveria na escuridão,
mas teria Sua luz a guiar todas as noites. Ela estaria sempre ali, assim como
as folhas que fechavam a trilha. Se não soubesse apreciar o escuro da noite e
acreditar no seu verdejar amanhecer, me sentiria perdida, como de fato aconteceu
por diversos momentos desse histórico ano de redenção. Mas o vento me revelaria
fruto da terra, da floresta, do sol e da lua.
Em
março, o mato das dunas de Natal me presenteia com uma visita tão clara quanto
misteriosa: O encontro com uma cobra verde-cinza, logo depois de contemplar o
nascer do sol dentro da reserva do farol de Mãe Luiza, me diria algo tão surpreendente
quanto tranquilizador. A paternidade do infinito Criador era cada vez mais intensificada
em mim.
O
ano de 2010 foi profetizado em seu nascimento, assim como 2012, quando estava
ali naquela esteira com a noite, eu e ela abraçadas pelo Mundo. “Encontrará
consigo mesma e será um encontro sublime. Quando menos esperar, onde menos
esperar: Se encontrará... A música lhe trará o prazer da dança, o bailado
divino. O silêncio será seu forte aliado a partir dessa jornada e a solidão sua
melhor companhia, pois nela se encontrará Comigo, cada vez mais disciplinada,
cada vez mais firme, cada vez mais filha.” Deus, através de Pólen e das
primeiras horas de 2012, me revelara.
E se
houve a realização? Sim. Em 2012 me reencontrei no outro. Me reencontrei no
sagrado, no divino. Me reencontrei na natureza, nas minhas origens de terra, na
terra e pela Terra. Me reencontrei no amor e me reconheci.
Conhecimentos
tão claros quanto misteriosos...
Obediente,
eu sigo no caminho da redenção.
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