Há duas noites sonhei com Daniel Geisel. Ele era o homem que amo. Morava em uma casa de construção e mobília simples, e nos fundos tinha uma onça que descansava na gaiola. Como os pássaros na varanda do meu pai, outras onças vinham visitar o quintal. Daniel morava com seu pai. Na fronteira do seu quintal a floresta virgem emparedava nossas vistas e garantia que depois dali o homem era submisso à natureza.
Daniel tinha uma loja de bicicletas e também gostava de pedalar. Trabalhador... O carinho confortava-me nas horas ao seu lado, e o nosso amor era regado por sorriso e abraço. Amei e fui amada por Daniel Geisel. Em uma noite vivi feliz por nossas empatias naquele dia.
Ele é branco, cabelos curtos com algumas ondas sempre úmidas no teto. Usa um brinco de prata pequeno, uma bolinha brilhando na orelha esquerda, combinando com o brilho constante do teu sorriso. Estive apaixonada por Daniel e pela vida ao seu lado. Pacata. Longe do barulho de máquinas, movida pelos ciclos do pedal. Saudável, sadia... Amada em ida e vinda.
Acordei leve, fácil, feliz.
Daniel agora já estava longe dos meus olhos. Cá dentro era uma saudade boa, gostosa. Daqueles amores que estão longe e que sabemos, logo tornará.
Desde então não me sai da cabeça o menino como eu. E diante do mistério que circunda minha tranquila amorosa, Daniel Geisel é porto seguro de águas limpas e rasas.
Hoje um pensamento solto firmou que para estar ao meu lado o homem tem de ser mais,ter mais, ver mais do que todo o rebanho pode ler. A verdadeira imagem por detrás do quadro. Numa vida diferente, distante, avessa aos inquietos, rejeitada pelos modernos.
Vou esperar Daniel Geisel e toda grandeza que nosso mundo pequeno reserva. Se não mais sonhar, se não mais voltar, basta-me o sono e a companhia de um amor intocável, insaciável ao mundo real.
Tenho saudades, Daniel, meu amor.