quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Educação objeto ou objetivos da educação

Ninguém escapa da educação... Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com Educação.”
BRANDÃO, 1985

A educação é tão abrangente quanto as relações humanas. Ela ultrapassa o ambiente escolar, ocorre em casa, na rua, na igreja, na escola... Realizamos atos de aprendizagem a todo instante e não podemos desvincular nossa vida deste processo que é a educação.

A partir desta amplitude conceitual, podemos considerar objetivos da educação a formação humana, social, escolar, econômica e científica de educandos, seja nas instituições educacionais ou nos mais diversos ambientes paralelos e complementares, responsáveis pelo aprendizado de alunos e sujeitos sociais. No entanto vivemos uma dinâmica globalizada que tem por excelência atender às demandas dos detentores de poder em sua engrenagem econômica, considerando que vivemos um globo capitalista.

Várias reformas educativas foram realizadas em países da Europa e América nos últimos vinte anos e interessante, desde já observar, é que nem todos os países que estão inseridos nessa organização mundial capitalista estão aptos a decidir sobre ela, sendo alvo de suas decisões que muitas vezes não condizem com a realidade social de sua nação.
O sistema capitalista mundial, a globalização dos mercados e a doutrina neoliberal fomentaram mudanças significativas no sistema educacional, ambiental e social dos países desenvolvidos e aqueles chamados emergentes, em desenvolvimento.

Diante das influências exercidas pelos setores dominantes e da voz ativa de determinados setores sobre outros, considerando os principais interesses destes países, talvez fosse mais sensato, não mais satisfatório porém, tratar dos objetivos globais sobre a educação, que é o tema em questão, do que os objetivos da própria educação, uma vez que ela sofre as consequências de interesses que são economicamente mais fortes e priorizados nestes processos de desenvolvimento mundial e suas pautas são atendidas dentro da estrutura dos interesses econômicos.

Avanços técnico-científicos e as mudanças nos processos de produção garantem o desenvolvimento social, afetando diretamente a educação, que passa a ser também uma mercadoria, serviço que se compra, tendo a escola que se flexibilizar a essas transformações e se adequar a estes novos recursos tecnológicos. Estes avanços são inclusivos ao mesmo tempo que excludentes, pois os países em desenvolvimento não conseguem acompanhar a velocidade e se integrar aos países desenvolvidos por todo o contexto histórico e social que contextualizam seus territórios.

A falta de considerações acerca das diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento implica em problemas sociais como fome, desemprego e desigualdades entre países e grupos sociais. Problemas globais como a devastação ambiental, o desequilíbrio ecológico, esgotamento de recursos naturais e problemas atmosféricos também afetam os grupos sociais e consequentemente a educação nos países menos favorecido por essas perspectivas.

A industrialização e mercado tecnológicos começam a ditar as regras e conduzir as esferas sociais conforme suas demandas e objetivos. A necessidade de conhecimento e informação e as constantes mudanças na organização educacional, nas metodologias e disciplinas aplicadas para a formação educacional, tudo refere-se a um serviço da educação ao capitalismo e não à sociedade que atende.

No Brasil, dentre as mudanças nos sistema educacional, paradoxos são recorrentes nesta confusa prática que em vez de olhar para a formação educacional e seus legítimos beneficiários, atende ao sistema altamente dinâmico que se transforma a cada momento e reflete em todos os setores que o servem. De um lado estão as políticas educativas que expressam intenções de se aumentar autonomia das escolas e professores, do outro lado a questão da crise de legitimidade dos estados que dificulta e efetivação de investimentos em salários, carreira e formação do professor, com o pretexto de redução de despesas, inserindo uma lógica contábil e economista ao sistema educacional.

As políticas educativas e educacionais não são autônomas e servem às políticas econômicas globalizadas. As normas, leis e diretrizes da educação estão sujeitas a decisões políticas. A globalização por sua vez pressupõe uma submissão a uma racionalidade econômica baseada no mercado global competitivo. Mercados comuns como MERCOSUL, NAFTA, UNIÃO EUROPÉIA, dentre outros, conduzem os processos de tramitação mundial aos quais a educação está submetida.

Historicamente a educação se organiza de acordo com as condições sociais vivenciadas no momento, ou seja, as condições socioeconômicas do país em determinado momento histórico.

Diante de toda essa dinâmica de transformações pautadas em interesses adversos, inseridos e adaptados à realidade da educação em nosso país, é importante estar atento à formação do estudante enquanto observador atento, questionador, buscador de informações que complementem e contraponham os conteúdos e métodos aplicados, considerando que a educação não está voltada primordialmente para o sujeito educador ou educando, mas para um sistema operacional que detém o poder econômico, regula as legislações e impulsiona os processos através de perspectivas mercadológicas, que não contempla diretamente a educação mas a quem a educação deve contemplar, segundo suas perspectivas de desenvolvimento e lucratividade. Os cidadãos formados nas escolas devem ter ciência dos problemas sociais e observar atentos às entrelinhas de sua legislação, segundo os interesses dos detentores de poder para que assim, mesmo sendo parte deste sistema, possa conduzir seus pensamentos cm autonomia e possibilidades de mudança em seus micro territórios, entendendo estes locais como as salas de aula, os ambientes familiares e as comunidade das quais possa fazer parte, pois nós brasileiros não somos contemplados na ordem de retorno do sistema capitalista, o servimos, ele se fortalece e retorna de forma engessada para os modelos sociais contemplados por ele.


Referências:
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira; TOSCHI, Mirza Seabra. A
educação escolar: políticas, estrutura e organização . São Paulo: Cortez,
2003.
Resumos virtuais:




Atividade realizada para o componente curricular EDCA02/Organização da educação brasileira 2

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

ele é meu pai

ele prepara o café, o almoço e o jantar
e não é qualquer coisa
chego bem tarde e ainda posso escolher:
sopa ou munguzá

acorda cedinho e molha as plantas
cuida da horta, colhe tomates
vai à feira comprar no freguês
cuida de mãe, de filho e de mim

no almoço quibe de forno
quiabo e arroz integral
rúcula e alface do quintal
tempera o alimento seu coração

ele pedala... daqui ao sertão
minas, compostela, maranhão
todo o mundo seu chão
quem não reconhece um mestre?

pesca de linha e toca violão
vela no mar, frescobol na areia
com ele sou pequenina
me chamo espelho de sua vida

ele...
ele é...
ele é meu...
ele é meu pai.

te amo, téu. te amo muito.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

mulher negra

alma enviada da terra mãe
tu és grandeza deste chão

consistência de nanã
doçura de oxum
sopro de yansã
infinito de yemanjá

já...
já...
já...

és a força da terra
fertiliza o amor da criação

alonga os ombros
abre o peito
expande a consciência
pés firmes ao solo
abertas mãos

sê mediação cósmica
te entregas ao universo em servidão
não deixe passar em vão
aqui vieste para trabalhar

une em si o diverso
emana e floresce a vida
enche de amor a grande roda que habita
retribui à mãe divina
bençãos do criador

cria a dor de gerar
dorme e acolhe tua cria
em sonho acordado
tua cria...

em noite e dia ciranda
cirandar a dança
dança e ensina o viver
vive e dá a vida
a todo ser

sê negra
sê chama
a vida te chama
ser mulher