Ninguém escapa da educação... Para saber, para fazer,
para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com Educação.”
BRANDÃO, 1985
A educação é tão abrangente
quanto as relações humanas. Ela ultrapassa o ambiente escolar, ocorre em casa,
na rua, na igreja, na escola... Realizamos atos de aprendizagem a todo instante
e não podemos desvincular nossa vida deste processo que é a educação.
A partir desta amplitude
conceitual, podemos considerar objetivos da educação a formação humana, social,
escolar, econômica e científica de educandos, seja nas instituições
educacionais ou nos mais diversos ambientes paralelos e complementares,
responsáveis pelo aprendizado de alunos e sujeitos sociais. No entanto vivemos
uma dinâmica globalizada que tem por excelência atender às demandas dos
detentores de poder em sua engrenagem econômica, considerando que vivemos um
globo capitalista.
Várias reformas educativas foram
realizadas em países da Europa e América nos últimos vinte anos e interessante,
desde já observar, é que nem todos os países que estão inseridos nessa organização
mundial capitalista estão aptos a decidir sobre ela, sendo alvo de suas
decisões que muitas vezes não condizem com a realidade social de sua nação.
O sistema capitalista mundial, a
globalização dos mercados e a doutrina neoliberal fomentaram mudanças
significativas no sistema educacional, ambiental e social dos países
desenvolvidos e aqueles chamados emergentes, em desenvolvimento.
Diante das influências exercidas
pelos setores dominantes e da voz ativa de determinados setores sobre outros,
considerando os principais interesses destes países, talvez fosse mais sensato,
não mais satisfatório porém, tratar dos objetivos globais sobre a educação, que
é o tema em questão, do que os objetivos da própria educação, uma vez que ela
sofre as consequências de interesses que são economicamente mais fortes e
priorizados nestes processos de desenvolvimento mundial e suas pautas são
atendidas dentro da estrutura dos interesses econômicos.
Avanços técnico-científicos e as
mudanças nos processos de produção garantem o desenvolvimento social, afetando
diretamente a educação, que passa a ser também uma mercadoria, serviço que se
compra, tendo a escola que se flexibilizar a essas transformações e se adequar
a estes novos recursos tecnológicos. Estes avanços são inclusivos ao mesmo
tempo que excludentes, pois os países em desenvolvimento não conseguem
acompanhar a velocidade e se integrar aos países desenvolvidos por todo o
contexto histórico e social que contextualizam seus territórios.
A falta de considerações acerca
das diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento implica em
problemas sociais como fome, desemprego e desigualdades entre países e grupos
sociais. Problemas globais como a devastação ambiental, o desequilíbrio
ecológico, esgotamento de recursos naturais e problemas atmosféricos também
afetam os grupos sociais e consequentemente a educação nos países menos
favorecido por essas perspectivas.
A industrialização e mercado
tecnológicos começam a ditar as regras e conduzir as esferas sociais conforme
suas demandas e objetivos. A necessidade de conhecimento e informação e as
constantes mudanças na organização educacional, nas metodologias e disciplinas
aplicadas para a formação educacional, tudo refere-se a um serviço da educação
ao capitalismo e não à sociedade que atende.
No Brasil, dentre as mudanças nos
sistema educacional, paradoxos são recorrentes nesta confusa prática que em vez
de olhar para a formação educacional e seus legítimos beneficiários, atende ao
sistema altamente dinâmico que se transforma a cada momento e reflete em todos
os setores que o servem. De um lado estão as políticas educativas que expressam
intenções de se aumentar autonomia das escolas e professores, do outro lado a
questão da crise de legitimidade dos estados que dificulta e efetivação de
investimentos em salários, carreira e formação do professor, com o pretexto de
redução de despesas, inserindo uma lógica contábil e economista ao sistema
educacional.
As políticas educativas e
educacionais não são autônomas e servem às políticas econômicas globalizadas.
As normas, leis e diretrizes da educação estão sujeitas a decisões políticas. A
globalização por sua vez pressupõe uma submissão a uma racionalidade econômica
baseada no mercado global competitivo. Mercados comuns como MERCOSUL, NAFTA,
UNIÃO EUROPÉIA, dentre outros, conduzem os processos de tramitação mundial aos
quais a educação está submetida.
Historicamente a educação se
organiza de acordo com as condições sociais vivenciadas no momento, ou seja, as
condições socioeconômicas do país em determinado momento histórico.
Diante de toda essa dinâmica de
transformações pautadas em interesses adversos, inseridos e adaptados à
realidade da educação em nosso país, é importante estar atento à formação do
estudante enquanto observador atento, questionador, buscador de informações que
complementem e contraponham os conteúdos e métodos aplicados, considerando que
a educação não está voltada primordialmente para o sujeito educador ou
educando, mas para um sistema operacional que detém o poder econômico, regula
as legislações e impulsiona os processos através de perspectivas
mercadológicas, que não contempla diretamente a educação mas a quem a educação
deve contemplar, segundo suas perspectivas de desenvolvimento e lucratividade.
Os cidadãos formados nas escolas devem ter ciência dos problemas sociais e
observar atentos às entrelinhas de sua legislação, segundo os interesses dos
detentores de poder para que assim, mesmo sendo parte deste sistema, possa
conduzir seus pensamentos cm autonomia e possibilidades de mudança em seus
micro territórios, entendendo estes locais como as salas de aula, os ambientes
familiares e as comunidade das quais possa fazer parte, pois nós brasileiros
não somos contemplados na ordem de retorno do sistema capitalista, o servimos,
ele se fortalece e retorna de forma engessada para os modelos sociais
contemplados por ele.
Referências:
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA,
João Ferreira; TOSCHI, Mirza Seabra. A
educação escolar: políticas,
estrutura e organização . São Paulo: Cortez,
2003.
Resumos virtuais:
Atividade realizada para o componente curricular EDCA02/Organização da educação brasileira 2