quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sei lá

E se eu te beijasse na boca

O que será que seria?

Seria...

Será?!

Sei lá

Deixe pra lá.



Te amo perto de como amo meu filho

Perto de como amo meu pai

Meu par

Parceiro

Pardo

Parto é falar desse assunto

Nesse sentido

Sem sentido

Desse jeito.



No final acho fácil

Dócil

E rio.



Sentindo um amor desse assim

Nem sei

Atenção

Nem dei

Só senti.



E engraçado é que outros dizem

Dizeres mal ditos

Comer

Dormir.



Deixem pra lá

É só amor

E será...

Será?!

...

Eu ri.

terça-feira, 5 de julho de 2011

a gestação da palavra

entre tudo e nada há uma trama

que nada diz do que quer dizer

é o delírio das palavras.

eis que do fim nasce o infinito


padecendo dor de cabeça, fui buscar uma bananeira

pulei o muro para descobrir verdades, vertentes, viagens

sobre o chão nunca pisado por meu peito voador


à goiabeira que caiu do cavalo

a vaga do hospital era vaga de emprego,

encontrei meu namorado que tinha um encontro marcado

no tronco: “Amor alado, todo sempre enamorado”


sobrevoei a grama dramática e lancei um paradoxo

fertilizei palavra

variei sem perder a validade

escolhi um, me escolheram vários


arrumei uma cadela,

não estava no cio

janinha gemeu no beco do ouro

sem saber que era dia

se é para parir, Janinha, diz que eu paro


no parto nada aparava meus meninos

era filho pra todo lado

pra todo nome, toda eira

beirando o existir e não ser

extasiado, eu: O pai.


e depois de toda obra pronta

me contaram que não era possível

passivo, me desculpei


então meu olhar mareado viu

pensamento oco virar eco

tonto, cuspi a cara do plural

que navegou em minha saliva


no vôo alto entendi que o quadro já era pintado

lhe comi de fora para dentro

me comeu por todos os lados


a natureza das palavras é fértil

desmatada, desmamada, demasiada fértil.


com o tempo a cria ativa soma idade

no parto se partem as regras

Sê ador de quem cria

frisson, fossa e saudade


Março 2011