entre tudo e nada há uma trama
que nada diz do que quer dizer
é o delírio das palavras.
eis que do fim nasce o infinito
padecendo dor de cabeça, fui buscar uma bananeira
pulei o muro para descobrir verdades, vertentes, viagens
sobre o chão nunca pisado por meu peito voador
à goiabeira que caiu do cavalo
a vaga do hospital era vaga de emprego,
encontrei meu namorado que tinha um encontro marcado
no tronco: “Amor alado, todo sempre enamorado”
sobrevoei a grama dramática e lancei um paradoxo
fertilizei palavra
variei sem perder a validade
escolhi um, me escolheram vários
arrumei uma cadela,
não estava no cio
janinha gemeu no beco do ouro
sem saber que era dia
se é para parir, Janinha, diz que eu paro
no parto nada aparava meus meninos
era filho pra todo lado
pra todo nome, toda eira
beirando o existir e não ser
extasiado, eu: O pai.
e depois de toda obra pronta
me contaram que não era possível
passivo, me desculpei
então meu olhar mareado viu
pensamento oco virar eco
tonto, cuspi a cara do plural
que navegou em minha saliva
no vôo alto entendi que o quadro já era pintado
lhe comi de fora para dentro
me comeu por todos os lados
a natureza das palavras é fértil
desmatada, desmamada, demasiada fértil.
com o tempo a cria ativa soma idade
no parto se partem as regras
Sê ador de quem cria
frisson, fossa e saudade
Março 2011