quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Eu e João. Que Pessoa.

João Pessoa

aqui reencontrei a minha

e sentada na areia

mesmo só

estou eu em boa companhia


A lua da Paraíba é feminina

e sou eu mulher macho

sim, senhor


Faz frio na noite de Cabo Branco

mas não preciso de abraço

singular, aquecida por meus braços

me conforto em minhas pessoas


E o João?!?!

NEGO?

Não,

claro que não


Clara a lua de João

o vento da noite a esvoaçar meus cabelos

contestando a gravidade

e o leve

e voa


O mar está vazio

a lua ainda cheia

chegou dourada

agora é prata

Para te amar, lua minha,

falta nada


Faltou libertar a cara

para viagem tão rara

ser ainda mais maneira

quem me dera...


Em Manaíra foi bom à Bessa

também...

nem Tambaú me arrumou um bem



Mas seu João e suas pessoas

que a mim querem tão bem

permitem o carinho de ninguém

que respire pela boca

e por ela me jogue fora


Sou minha, só minha

e agora de João...

Que pessoa!

Me encantou de ponta a ponta



E Seixas, a ponta

aponta para a África


Ahh... ponta

tu és bem vinda por aqui

quem me dera...


Quero todas as luzes que a noite me presenteia

quero todas elas

e as luzes da maré

maré-espelho que me banhou


E fui sereia

e serei-a sempre

sempre

bela sereia d'água

ou da areia


Meus encantos enfeitiçam

João, Lampião e Maria Bonita



Não os de pose

por aqui já não sou mais a mesma

e mesmo que por desgaste natural

sinto-me muito melhor



Para mim

para mim e para nós

Paraíba

para te sorrir

Na companhia da lua

que já se vai


Se é assim, vou também

tenho que ir

meu voo não espera



Ela se foi e nem despediu

nuvem má

mar agora sem caminho de luz


Pouco importa

esse Lindo-mar já me encheu

e mesmo só me acomodou

me seqüestrou ao meu eu

que já não é mais meu só


Por isso vos digo

em bom tom e sem pestanejar

meu eu é de João

é dessa pessoa que me deu a Paraíba



Não o Ser-tão.

O Se-aMar.


04/12/09

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sem Título



Quem eu era e quem fui...

Quem eu era e quem sou.


Dores, crises e lamentos por dias contemporâneos que persistem desarrumados, desarrumando o ritual que já não mais referencia nada que seja possível administrar nestes sentidos que não fazem mais sentido... Que também não mais existem.


E porque chora, ora serena, ora tempestuosa, se no percurso que jorra é destino encontrar o liso, livre, híbrido?


Então solta essas amarras e navega onde só o vento pode acompanhar.


Acende a luz e nota que é claro em outro tempo e que o espaço é movimento e lhe permite navegar.


Escreve nas nuvens, cospe nas águas tuas letras desgastadas e finda o penar.


O mar amará teus braços e amarrará sem nós o teu mergulho espontâneo e sedento das águas frias que curam ressaca das quais nos despedimos consideravelmente mais leves.


E se este é o Universo que lhe chama e se o teu coração arde em chamas, chama o teu querer pois sofrer é fardo, é pedra, é baixo e pouco para tamanho Ser.


Ser Tão e Tanto...

Sentir-Se Tão e Tanto...


Seja. Sinta. Acredite.


Agora, por essas palavras, para mim e para você, oferte um sorriso!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mãe sem Fim

A mãe-terra gritou!
Um som forte, em ritmo intenso, regado de amor e dor.

Terra-mãe gritou!
Sua mensagem navega pelos mares;
no movimento do vento ela canta
lança sementes para as extremidades
do centro da Terra para suas regiões mais periféricas

A mãe-terra gritou...
Terra-mãe cor de terra
terra-preta cor de mão calejada
terra-mãe-preta-cansada 
pediu ajuda a seus orixás

Mãe-proteção, mãe-coração
mãe cheia de mãos

Em certo dia vinte,
aos vinte dias de um negro mês,
vim de longe ver nascer
um negro amor:
Mãe-negra que a negra-Mãe abençoou.

Mãe-África pede ajuda
um coração para abrigar filhos teus
arrancados de teu seio

"Amamenta, Mãe Vanda"
mãe-de-leite dessa gente
filhos de uma terra-filha
Abriga mãe adotiva.

Da terra-mãe
ao mar 
da Baía de Guanabara

teus ancestrais lhe atraem 
para uma outra Baía,
minha, dela e de todos os santos
a negra de encanto e axé
ritual e beleza.

O burugudú dos tambores
de lá para cá
batucam nossa mãe-rainha

Olodum, Mangueira e Malê 
e Vila Isabel
beijam-mãe-flor 
que é raíz destes homens
de amores e dores

E se o Ilê é lindo de ver
ah, minha mãe...
linda é você

Tua beleza além das palavras 
dos olhos
além das fronteiras 
de linhas que traçam territórios.

África-bela ajuda pediu
uma negra-bela surgiu

Graça e glória
Nanã, Oxum, Xangô
à mãe Vanda

Sorriso que vem da raíz
da terra

O pulsante expande energia
por vias e veias
explode e contagia
a tudo e todos que lhe rodeiam.

Para concluir homenagem sem fim
convido a todos
daí, de lá e daqui

a receber este calor
este ardor
em volta da Mãe-Baobá

de mãos dadas
a essa energia
para que se multiplique
e continue assim...

Mãe Vanda
Mãe Sem Fim...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Aos Meus Pais

Por Natureza França


Aqui do quarto escuto ele

Ao violão

Lá com seus livros, fotos e conspirações

Lembranças remotas de eras e eras

Que eram e se foram

Que erram e remontam seus amores

Mas não mudam de lugar


Venho aqui te ver, te viver

Compartilhar

A minha vida que vem de tuas vidas

Hoje não intensamente mais vividas com a mesma glória que o passado me cutuca

Mas ainda são vocês

E se este sou eu, para sempre quer ser

Meu herói


Construímos o poder de errar e sofrer

Mas pensar e pensar para sorrir do mar e do fogo

Que queima as mãos às cabeças prensadas,

E prensadas


Queremos sorrir

Para seguir

Queremos sorrir

E seguir

Porque somos nós

Aqui é o nosso lugar

Minha raiz na beira do mar da baía


Minha baía

Minha e de todos os santos


Meus pés na maré

A linha do mar

Alinhada à linha do céu

Montanha cortando em dentes de um Tubarão


E nesse quintal

Queimamos as folhas, queimamos neurônios

Queimamos a lua com nuvens baixas

De fumaça


Capinar os sonhos, plantar mudas de sonhos reais

E surreais


Escuto o silêncio,

Ele parou de tocar

Veio aqui me cutucar


Venho aqui para não esquecer

Que esse sou eu

E que eu sou vocês.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Sentido


Por Natureza França
Em agosto de 2009





Mina água
O sal da tua essência brota da minha face
E arde



O não saber, o não querer e nada poder fazer
E eu que pensei ser forte
Me pego batendo as fontes até descobrir o quão imponente a paisagem que me guarda atrás dos montes



Eu vou buscar você
A minha resposta
Cambaleando até reencontrar o sentido para viver



Ele vai surgir
E me dirá, letra por letra, tudo o que eu quero ouvir

Mas até lá estou aqui
Sem sentido, sem noção
Sem você e sem respostas



E me prove que a alegria é aprova dos nove
Me tire deste nada
Me encontre que eu me acho em horizonte com farol



Vem, meu ponto de luz
Guia meus passos nesse instante
A multidão me esconde de mim mesma



Me ache e me leve
Me trague e me traga
Me faça alguém.
Por Natureza França

Em 24/06/2009







Meu Pai... Meu Filho



Meu Pai, o primeiro homem da minha vida



Meu filho, o primeiro homem a quem eu dei a vida



Do meu Pai sou fruto

Do meu filho sou árvore



Meu Pai, meu companheiro desde sempre

Meu filho, companhia das mais intensas vivências



Ao meu Pai curvo-me pelo respeito à sua sabedoria e temor à sua grandeza

Ao meu filho me curvo por seu poder de me ensinar a ser grande e sábia



Meu Pai, Meu Filho

Um suspiro forte vem tentando fugir daquele nó que agora sobe pelos espaços vazios de mim.



Dois homens, uma mulher

Um mais velho, um mais novo

Um Pai. Um filho



Dois únicos, cada um

Completam-se

Completam-me

Completam-se para mim



Meu Pai me criou

Meu filho me adaptou

Sou perfeita obra dos Grandes Maestros que regem minha vida



Ao Grande Mestre, sentimentos de filha para pai.
Ao Grande Discípulo, estamos junto nessa.


Sempre.

Bebida alcóolica melancólica

Por Natureza França
Em agosto de 2009


A bebida é algo que me incomoda profundamente. Ela furta minha razão, memória e coerência. Me desquilibra, por mais esporádica que seja, perco a estrutura dos eixos.
(...)
A bebida bloqueia minha capacidade de desenvolver raciocínios. Não crio, não penso, não escrevo, logo, não existo.
E por que? Por uma breve euforia e, no final das contas, banal.
Um estímulo que burla meus princípios e como consequência uma dor de cabeça e empenho para lembrar de ações recentes.
Com a bebida não vejo intensidade em nada positivo. Ela é o troféu e os esforços conspiram para atingir um ápice imbecil, me afastando de sentimentos e desejos genuinamente meus. E se extravazar é o foco, conheço outros meios mais satisfatórios.
Com a bebida, sinto falta do meu filho e do carinho que não dispensei a ele por estar envolvida com uma ferramenta podre de socialização.
Antes, quando eliminei a bebida como hábito, sabia que haviam motivos ainda nao tão claros, pois o fim era único e objetivo. Hoje, depois de um porre insuportável (que ressaca!) e com um pouco mais de maturidade para interpretar fatos, definitivamente, afirmo: A bebida, quero deixar bem claro que não me refiro ao ato de reunir-se com amigos para degustar, apreciar, confraternizar, mas à embriaguez consequente, que é prova de que a dosagem desta droga deveria ser controlada pela justiça, assim como outras drogas são proibidas ao meu ver indevidamente, me faz mal.
Eu, que tenho este poder sobre o meu réu, o condeno à liberdade de comportamento, expressão, análise, companhia, apreciação e todas as mais que a embriaguez distanciam de mim.


O que são as drogas numa sociedade??
O que é proibido ou o que nos deixam uma droga no dia seguinte?
Quem é conhecedor ou capaz o suficiente para arriscar definir???

terça-feira, 20 de outubro de 2009

TUDO NOVO


Tudo Novo

Como pode trancar uma porta que nem foi aberta?

Como pôde enxugar uma lágrima que ao menos caíra?

Volta sem ida

Castigo sem briga

Mágoa sem dor

Desamarre minhas mãos

Me deixa acariciar seu peito machucado

Prometo que não vai doer mais

Dê-me sua mão e vamos correr livres por areias claras

O horizonte é liso, mesmo as ondas sendo curvas

Eu mergulho no prazer de ter você

Deixe-me o trazer para a superfície

Deixa eu lhe ter sem limites

Só por hoje

O amanhã já passou, incerto como as mágoas

Incerto temer pelo que vem

Ou não vem?

Deixa eu te viver

Não vai doer

É tudo novo

Tudo novo


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

















Nti
Uirá
(uma doce amiga menina)

Texto e foto: Natureza França

Quero no seu perfil um "quem sou eu" autoral
E uma mola no fim do abismo

Te quero aqui mais perto dos que amam o amor
E não as ferramentas de tortura que o carregam em seus peitos sangrentos e sedentos de mais sangue

Te quero de frente pro mar
Quero ver quem é maior: Você ou o Sol
Abra os braços para o horizonte
Pássaro voa e faz ponte
Mas não aponte o dedo ao seu cantar
Ele magoa e fácil quebrar

Não é de vidro, é de pena
A duras penas quer se libertar
Não sabe ainda meu pássaro-menina
Tão bem cantar, tão bem voar

Tua essência seca à beira dos poros
Lhes fazendo respirar
Abram alas meus amigos
Carece de espaço meu pássaro

Cresce grande ave pequenina
Cresce devagar e chora a cada tombo
Mas levanta, dá-me as mãos, vou te acompanhar

Quanta graça de menina
Pelos braços asas voam
Pelos pêlos, pelos bicos
Sua arte é desvendar esse mistério

Nti Uirá Rá Rá
Nti Uirá Rá Rá















NATUREZA HÍBRIDO-LITERÁRIA
Texto: Natureza França
Foto: Natureza França
HIBRIDIZADA, INTERTEXTUALIZADA, RECICLADA. Inicio do meio pelo seu caminho.
Me encontrei no templo, no espaço, nas névoas,
num baile com Castro Alves que pediu o meu laço de fita.
Agora é noite, preciso levantar.
Ao meu lado um boemio cheio de vícios chamado Vinicius, e pela tarde que passamos em Itapuã seus vícios são naturalmente imorais.
Um suspiro e só restava eu, era eu sozinha para um dicionário inteiro. E ainda que falasse a língua dos homens, sem amor eu nada seria.
HIBRIDIZADA, INTERTEXTUALIZADA, RECICLADA. Concluo antes do fim porque a mim interessa que seja assim.
E se me peguntarem onde começa o meu verbo e onde começa o verbo do outro, lhe direi: Isso não existe, é tudo uma coisa só.
Direi que a moça que mora n'água não faz distinção de cor.
E direi da necessidade em levar a poesia de qualidade, hermética ou não, ao povo.
HIBRIDIZADA, INTERTEXTUALIZADA, RECICLADA. Tudo acima do meu jeito para invadir o seu e convidar a um passeio híbrido por ambientes lisos.
Sem fins ou princípios.
Ao mundo, por meu mundo, seja bem vindo!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Quem é este homem?

Vergonha do ser para quem?
Do sentir para ninguém.
De dizer o que cai ou não bem?

Conhece-se tão pouco do homem porque ele se esconde atrás do que fica bem, mesmo estando mal, mesmo sendo bobo nem é bobo de deixar alguém notar.

Quando as cortinas se fecham e o escuro é ambiente natural, só a luz do eu guia um homem e suas razões, que ali não passam de tentativas frustradas de se sobressair a outrém.
Só a luz do eu estraçalha o que ele pensa ser amor.

Homem que é homem, mas não de espécie, de "raça" mesmo, não tem medo de abrir os braços frente à cruz, não teme coroas de espinhos e nem ofensas sem palavras.

Homem que é homem, chora e pinta suas lágrimas da cor da flor que quer semear em seu jardim de mágoas.
Acácias muito em breve nascerão, a terra é fértil e mágico é o teu cantar. Enfeitiça sem o caos, longe da beira-rio.
Ouça o assobio e sinta o levitar.

É por este que verbo, por este que canto, a este clamo, com este durmo e gozo um gozar absurdo em todas as dimensões.
Pelo homem que não teme ser homem.
Não teme falar
Não teme amar
Não teme chorar e nem lutar pelo grande e perdido

A quem amo?
A mim mesma. A ti, quem sabe... e a quem quer que seja este Homem!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

L I B E R T A




(a morte para a vida)

Texto e foto: Natureza França

Com o cigarro foi assim.
Com a cerveja também.
Os experimentei em todas as circunstâncias mesmo sabendo que não me faziam bem. Fui a regiões longínquas com esses vícios que me tinham sido úteis e queridos por tanto tempo, precisava dessas experiências para um dia afirmar de verdade:
NÃO QUERO MAIS!!!!!
Agora é meu coração quem diz.
Eu sabia que não mais daria, mas meus instintos de mulher, mãe e guerreira queriam sugar até a última gota de lágrima. Até sentirem o alívio da LIBERDADE.
Estou eu aqui, agora, liberta. Amando-me profundamente.Amando ao meu filho.Amando a minha vida como nunca amei antes, amando coisas que me estimaulam a lhes amar sempre mais.
Mulher, não pense que foi de ontem para hoje e nem que foi fácil...
Mas Deus nos deu um céu azul multicor.
Pássaros voam nele... Infinitos pássaros...
Deus nos deu um chão de toda cor, de todo tom.
"Infinitos" homens pisam nele... em infinitas direções...
Eu sou uma.
A minha felicidade é única e concentrada em mim, tudo o que ao meu redor se passa, puxo e jogo para dentro. Rumino o que me faz mal e digiro o que bem me faz.
Se vão vícios...Se vão libidos...Se vão bons e maus minutos... Se vão os ex-maridos, amantes e amores.
Fico eu.
Porque PARA MIM não há nada maior que EU.
Não quero ser melhor para ninguém, mas para mim serei sempre a mesma mulher de grandeza.
Serei sempre Natureza.Sejamos as mesmas, sejamos as melhores. Vamos até onde haja prazer sobreposto às sensações desagradáveis.
A partir deste exemplo e de tantos outros:
Sejamos mais que homens, Sejamos MULHERES!!!!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Velha infância


MAIS UMA HOMENAGEM A VÓ MIÚDA
(atividade acadêmica observada pelo docente como "lindo". Assim fico mais esgura na pimeira postagem; risos...).


Resumindo a minha meninice e o meu adolescer as férias em Cachoeira, minha cidade natal, e São Félix, vizinha do outro lado da ponte de ferros e dormentes, posso carinhosamente dizer que foi uma velha infância.
Infância curtida e vivida na companhia de uma velha.
Cheiro de velha... Que saudades do cheiro de velha da brevidade de minha vó Miúda. Sua casa humilde era o meu território. Enquanto minhas imãs preferiam a badalada capital eu ia badalando sobre os paralelepípedos das minhas históricas férias.

O sacudir da ponte trazia boas novas. “Lá vem Manué!”, ela gritava animada. Eu ansiosa esperava por Emanuel, o maquinista do trem de carga. Meu pai. Hoje para mim apenas Téu.
A ausência da gramática em sua vida lhe dava o poder de apelidar o seu nobre genro e admirador, assim como eu.

Dias de sábado eu levantava às sete, ia para a porta de casa escovar os dentes no "tonel" e era só despontar no chafariz para ver a sabedoria e a ignorância juntas subindo a ladeira da misericórdia por trás daquela figura que se auto-nomeava a “Delegada da ladeira” às pausas, com as mãos nas cadeiras e exaustivos suspiros a cada parada.

“Tem miséricórida meu Deus Menino!”

Hummmm... Que delícia! Amanhã tem caruru. Taí um sabor da velha infância. Azeite, leite de coco, amendoim, castanha e quiabo... O velho caruru de dona Miúda.
Às tardes era certo receber visitantes. A Miúda nunca estava só. E nas enchentes?!?!?! Sua caa era abrigo dos atingidos pelo fenômeno. E eu achando tudo fenomenal.

Agora, quando retorno à minha Cachoeira sinto o cheiro da velha nos dormentes quase extintos da ponte. Sinto um vazio miúdo, logo tomado por uma energia imensa. E para não esquecer daquela que se foi em meus braços, adotei uma receitinha: A minha irmã mais velha, Relva, é para mim Ervinha. Eu “descobri” que Míuda não sabia chamar o diminutivo de Relva corretamente de propósito. Para que eu, cria da sua cria não genética pudesse chamar todos os dias da minha vida "Ervinha" e com o simples gesto me sentir Graúda, assim como aquela velha Miúda.

Produzido em 20/08/2009.