domingo, 30 de setembro de 2012

Periferia. Um lugar para ser humano.

Ela é uma menina doce e adorável; dispersa vez por outra, como os demais. Mas a faixa etária justifica.

Desde o primeiro encontro da Oficina de Arte -Criação e Expressão, que ministro voluntariamente às crianças do bairro do Uruguai, ela pouco faltou.

Semana a semana e a Bia está lá.Ela tem um rosto delicado e um molejo de parar a turma. Quando balança aquele pescoço, então... A Bia é uma linda!

Linda porque quer para si o mundo que lhe chega; linda porque aproveita o que lhe vem. E justo porque vive esses momentos, a Arte lhe toca. E a sábia menina a canta. 

Já sentia o seu crescer, o seu voar... Eu sentia a Bia.

E a sua sensibilidade ainda me ensina, pois até então eu não tinha articulado um pensamento sobre o assunto. 

No último encontro a Bia me emocionou dizendo: "Eu aprendi a me soltar mais desde que comecei a vir para cá."
Eu lhe respondi: "A ideia é essa, Bia."

Outro dia, na Criação Literária Coletiva, ela também me emocionou com sua participação no poema sobre Imaginar, dizendo: "Uma vez imaginei um casamento em que homem usava vestido e mulher paletó." Eu, além de vibrar na hora com eles, fico o resto da semana contando para todo mundo o quanto valem esses meninos.

Tem dias que estão fervendo e fumaçando para fora do bule. Brincam, brigam, desconcentram os outros... Eu sou cada vez mais direta: "Só venha se trouxer o seu coração para a Arte. Qualquer outro motivo que tenha para vir, não é suficiente válido."

Mas, cada um no seu tempo, nos encontramos neste caminho. Juntos vamos caminhando neste amor que o torna cada vez mais longo e valioso, como esses meninos.

A Bia, minha aluna mais dedicada, presente e empenhada, tem, além de todas as outras qualificações, poder de levar seus amigos para fora daquela sala, através de mim. Sua missão consigo mesma já começa a se consolidar nesta primeira década que a traz, e estou certa de que sua sensibilidade a permitirá ir tão longe...

Também os demais, cada um no seu momento.

Sim, eles tem ideias, alegrias, cores, idades, gêneros... Grandes pensamentos brotam daquelas fontes.

Mas se a gente não for lá futucar para aprender com eles, parecerão sempre o outro, o outro lado. E não são. 

São do nosso lado humano.

Muitas coisas me deixam feliz. Muito feliz essa coisa de ser humano.

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