segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Concha Acústica. Uma celebração de Axé, Tambores e Carnaval.

foto: facebook.com/BaianaSystem



Pulsa no ar da Bahia uma diferente energia...

Atabaques... Rum-pi-lezz... Wi-re-less...

É um sistema baiano universalizado e contemporâneo. É uma guitarra baiana sacramentada e atemporal.

O Axé que hoje, lá fora, chamam de lixo, não é o Axé que trepida em nossos pés e coração, contando a história de nossas ruas, ladeiras, dores e  vielas. Axé que canta nossa reinvenção em Fevereiro, de batucar na panela vazia e fazer alegria.

O Axé é energia e o carnaval seu palco. Bem como o frevo, o samba e a dança Afro.
Axé é mais que sexo, violência e mulher no chão.

E foi isso o que eles me disseram na noite de ontem: O Axé é a Bahia povoada de África com natureza Tupiniquim. Uma magia mestiça onde a natureza da canção toca o coração.
E na Bahia, nossa dança é oração. Primeiro um tique no pé. Deus já tomou o coração e o diabo, Deus me livre, os quadris.

Lenine, Letieres, Russo e Margareth... Seu Rufino e a fina flor Bellas. Rumpilezz na pegada de Caldas. A Concha é folclórica.
Agradecemos ao vosso impulso, não como astros, mas fomentadores de nossos valores culturais e nossa identidade artística. Gratos pela ponte entre nós e a vitrine do mundo. Isso é Axé. Vocês são nosso Axé.

Tem um mundo de gente baiana que se esqueceu da gente. Um tsunami musical devastou nossa Baía. Mas quem vem de África já sabe como é: Quando o sol se vai, é tronco. Quando ele chega, negro de pé. Negro ainda é Samba, Capoeira e Candomblé.

E sabe que a gente também quer...?
Botar o bloco na rua. Como querem as pérolas no centro da concha... As pérolas que já foram areia vibrando lá do alto como nós, os pequeninos grãos da Bahia.

Queremos essa música lá de trás. Rica no que somos.

Queremos blocos sem corda e ruas sem dor. Um Pelourinho sem violência e escravidão.

Queremos salvar o carnaval do povo, o carnaval cultural que foi pisoteado pelo capital.

Queremos nosso acesso e nosso ingresso direto, sem câmbio ou cambista. Quem fiscaliza?  Quem cuida de nosso direito à cultura? Quem faz valer os artigos 215 e 216? Acredite! Nós sabemos. Nós queremos. Merecemos.

Queremos a cidade de luz e prazer, correndo atrás do trio.

Queremos um carnaval de iguais, um carnaval de paz. Sem cordas, como os blocos de rua cariocas.

Todos na rua com confete e serpentina... E viva ao carnaval de Recife e Olinda!

Porque a celebração da carne não é matança, é vibração incorporada na matéria.
Carnaval é alegria e prazer.

Pulsa no ar da Bahia uma diferente energia...

Abra seu coração para receber nosso verdadeiro Axé!



Texto referente ao show realizado na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em 15 de Dezembro de 2013.