terça-feira, 5 de novembro de 2013

Gilberto Gil e Clarindo Silva. Um chamado negro no Pelourinho.

                   
fotos: g1.com.br e tribunadabahia.com.br

                             
Trinta anos de benção é a serenidade de Clarindo Silva e a presença de Gilberto Gil no Pelourinho.
A suavidade do olhar e firmeza do sorriso de Clarindo são retratos que guardo da terça-feira mais preta e mais linda do mundo.

A Cantina da Lua é ali do lado e o mestre de cerimônias do Pelô vai ao palco saudar o irmão de arte e todos os irmãos da resistência cultural baiana: “Isso aqui é para provar que a Bahia gosta do que é bom!” Se emociona Clarindo ao ver a praça cheia, à meia noite em dia de semana.

Fora da África, a cor mais bela é Salvador. Onde é mais viva a cor da Bahia.

Aquele rei momo de outrora é franzino e balizador. Sua simplicidade esconde armas étnicas de uma odisseia vivida por um bravo guerreiro.
A benção, como o Pelourinho, é uma resistência para quem acredita na força e no brilho da negritude baiana.
“O Pelourinho é viável!” Brada Clarindo ao lado de Gil no Terreiro de Jesus.

Essa noite eu voltei para casa muito feliz com a minha Salvador. Ao contrário do que, infelizmente, estou acostumada a presenciar, senti um clima de paz, harmonia e solicitude. Vi pessoas sorrindo, se cumprimentando. Não vi assaltos e nem tentativas, como cansei de vivenciar nesta cidade de natureza encantadora e tantos desgastes sociais.
Vi a desigualdade, como em qualquer metrópole, mas a felicidade superava o semblante de dor daqueles que enfrentam a vida desarmados.

Agora me recorda a luz de Clarindo e a música de Gil convidando a todos: “vamos fugir deste lugar, baby...”

Agora me recorda o balanço e a alegria de minha gente, a irmandade, a celebração, a união... Um marco para ratificar que a missão não é una, é tão diversa quanto o Brasil, tão negra quanto Salvador e tão forte e capaz quanto a música e a cor da Bahia.

Clarindo finaliza assim: "...Porque ninguém consegue ser feliz sem pensar no bem do outro."

Sinto um vento de mudança em Salvador.
Sinto o coração da minha gente pulsar.
Escuto do fundo da alma, uma cidade gritar “Salve, Salvador!”



Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que pensou ao ler esse texto? Comente aqui: