sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Entre o Homem e a Natureza, em 04/02/10

É assim.
A gente expulsa tudo para construir nossos impérios, nossos estacionamentos, nossos casebres. Pouco importa quantas vidas tem ali, quiçá para onde vão.
Esse vão é seu e me escondeu a razão de não tê-lo. Tudo seu meu; cada qual com seu deus.
O homem mata para tudo
Para nada
Para de morrer!
Escrevi o texto abaixo após um ataque de nervos em que quase bati no estagiário de engenharia da construtora na qual adiquiri o meu imóvel, com entrega atrasada há mais de um ano na data desta produção.
Após várias tentativas de reencontrar o eixo, respirei, torci as últimas lágrimas me obrigando a cessá-las. Respirei... ouvi; tinham pássaros... e o vento soprava e cantava em meu rosto.
Somente agora percebo que me disse: Um monstro de cimento a tira do sério enquanto, para lhe confortar, o desgraçado do capitalismo a conquista com suas vigas afiadas. Após torcer o meu peito e rabiscar o meu papel, respirei aliviada como em diversos gozos e como em diversos gozos recordei: Você tem muito mais do que precisa, por isso sofre com o que ainda não tem.
Resultado:



Homem dá troco, bicho dá troco. Troco tudo pela sombra de uma árvore. Única que restou. Concretamente recebe novas companhias, novas vidas em volta de ti a usufruir da tua presteza.
"Tristeza é saber que já fui casa, fui mãe e filha... Minha história cortada par lhe dar moradia"
Que louco parecer um vegetal falar. Será um vegetal articulado a estimular tais sentidos baseado na misteriosa relação ente o bípede que se diz pensante e a Terra Mãe Viva que o acolhe?
Não, caros!!! Não a todas as questões!!! Não a tudo o que queremos ver NÃO!!!
Sim para tudo o que queremos dizer sim. E viver... SIM!
O homem quer viver e fala.
A natureza quer viver e responde.
O homem traduz em palavras amor e fúria que a natureza não esconde.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

extremos


Estou entre a luz e a sombra. Posso ver ambas e incansavelmente mergulho em suas entranhas.

Cada vez mais profundo sinto as duas me envolverem em sua hora, mas posso ser sensata e não vendar meus olhos por detrás da janela. Não os deixo cair, quero sempre ver a outra a cantarolar do lado de lá canções de acordar ou dormir..

E sinto este sangue que corre agora dentro da minha pele a arrepiar todo o meu corpo levemente nessas linhas em que jorram os meus dedos alterados pelo êxito de subir bem alto e descer bem longe em terras estranhas, sombrias e perigosas.

Dentro da terra o movimento é de alta periculosidade...

E as folhas desse quintal dançando ao som do canto do vento e das vozes dos meninos alternam seus verdes ao brilho da luz da varanda.

Sim. Daqui eu posso ver, posso sentir o vento de gostoso frio que abre a cortina dos meus cachos dourados do Sol, da luz-Mor.

E quando lá de baixo posso ver... Então e finalmente quando lá, lá de baixo posso ver todas as luzes que cercam o alto gigante e circunferente, eis que surge um guindaste e me transporta intensamente ao andar superior.

Nesse caminho posso sentir o poder da variação diamésica entre o meu corpo, meu ser, e minhas mãos.

Externo com auxílio luxuoso da caneta e do papel.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Lembranças ao Meu Primo Rafa

Meu primo Rafa...

O meu primo Rafa cresceu juntinho comigo.

Morávamos na mesma rua e tínhamos quase a mesma idade.

O meu Primo Rafa tinha “sardinhas” no rosto iguais as da minha irmã Lua.

Observando similaridades físicas entre os membros da nossa vasta família, sempre associei Rafa a Lua. E olha que nesse negócio de parentes posso afirmar que somos uma Grande Família.

Posso afirmar também que o Rafa foi um dos primos com quem dividi momentos mais alegres em certas fases da minha infância e pré-puberdade. Ele tinha aulas de reforço escolar com minha mãe e minha irmã; o danado enrolava mais que estudava... Eu já me divertia com suas piadas...

O sorriso do meu primo Rafa é a primeira imagem que me vem à cabeça quando lembro dele. Um sorriso desconsertado, nariz enrugado, olhos bem fechadinhos e ombros se balançando com o soluçar da sua risada.

O meu primo Rafa ria parecendo soluçar...

Quando éramos crianças, num dia de carnaval eu me fantasiei de “careta” (tradição que ainda sobrevive entre os meninos de Tubarão) e saí pela rua assustando as outras crianças. Nesse dia o Rafa não se fantasiou.

Sacrista! Me dedurou para todo mundo e eu fiquei tão enfurecida que lancei uma mangueira de látex em seu pé esquerdo.

Eu também não era fácil, sei disso...

O coitado era tão branquinho que seu pé passava de tomate maduro fácil fácil.

Frustrada voltei para casa e desisti de sair outra vez.

Minha tia, avó do Rafa, chamou minha atenção. Ele lhe contara o ocorrido.

Acho que ele não teve coragem de dar o troco; penso que o Rafa não bateria em mim...


O meu primo Rafa fez uma viagem e não mais voltou... Antes de ir ele fez umas bagunças por aqui. Deu uma baita dor de cabeça àqueles que o amavam. Fazia parte da sua trajetória, gente... Paciência sempre...


Desde o dia que lembrei do Rafa recentemente pensei em escrever algo sobre o meu primo. Documentar o menino alegre, companheiro, engraçado com seus quatro olhos... Dois deles o apelidaram de “olhão” e “zoião” lá na nossa rua...


O Rafa se foi... O Rafa ficou.

Se foi o jovem que errou.

Ficou o menino que encantou...

É assim que lembro do meu primo Rafa.


10/10/2009