sexta-feira, 29 de abril de 2011

O que me possui.

Uma fala suprema, perene, serena...


A música pariu

Meu corpo abriga

Lampeira atiça

Batida qualquer


Não carece rima nem passo

Descontrolada cadência

Nota descompasso

Arrepio dos seios à nuca

Da nuca aos braços


No toque do couro a oca madeira

Bate na palma do pé

Abre as pernas da sem vergonha


Crespa na gira roda

Risca o chão

Rasga a saia

Sambadeira

Desfralda

Baiana

Sacode

Treme

Vibra

Abala

Agita

Chora

Dança.


domingo, 17 de abril de 2011

saudade

O vôo do vento vazio
Descolore a vida
Colore o rosto


As cores se vão a golpe de foice
O corte lhe trai os olhos
Num piscar do dia


Desolado
Vento não sabe que faz
Mais nada lhe dança
Nem balança


Era vermelho veludo paixão
Escorria em laranja
E amarelo-pólen
Pavão de pétalas elegantes


Subindo as escadas notei o desabrigar
De uns pássaros amigos meus
Fora uma indução migratória


Lembrei-me das folhas
Verde mais forte que bandeira
E brilhavam!
Com a luz do sol, então...
Só vendo


Algazarra de asa
E eu compartilhando o sopro divino
Refrescando a luz do dia com todas elas
Eram nossas asas
Eram memórias


E me enfeitava o sorriso
Prevendo o último lance de escadas do edifício
Empós invejar tuas vidas,
Em liberdade lá de fora,
Por detrás do comungol


Acabrunho-me choroso à perda
Talvez logo esqueça, talvez nunca mais.