segunda-feira, 18 de agosto de 2014

"Aninha"

poema de lágrima
joia d’água
coisa rara...
e sabe quem é

“escute aqui, seu fulano
fique sabendo uma coisa,
gosto mesmo é do meu samba!”

segura a menina
sorrindo e sambando
feliz do menino que cresce
com pandeiro na mão

cidade monumento
história se faz é com ação,
coração de mãe
e abraço especial

a filha da senhora
é mãe dos herdeiros
a engrenagem freitas
da família designada

me conta sorrindo
e eu a chorar...
memória e lembrança
de vida que não acaba

na cozinha ela prepara
a pipoca de mainha
a pipoca de Obaluaê
ela não para...

me fala baixinho
chorosa recorda Luci
mãe, filha e irmã
a sua joia de axé

cuida da gente
com tanto carinho
talvez não saiba
que também cuida de mim

faz do presente um sorriso
guardado na alma
é cantadora e sambadeira
do mirim à dona Dalva

seu nome é Ana
e eu só sei dizer Aninha
a flor do recôncavo
no infinito desabrochar

eis um ingênuo poema pra ti
pétala da divina flor
Aninha, diva e flor
do meu jardim de amor




quarta-feira, 6 de agosto de 2014

ponto de jongo: a corda filhos da semente

essa noite eu tive um sonho verdadeiro
acordei e me mandaram eu cantar
eu lembrei dos tempos de cativeiro
tempos de filhos da semente na senzala

ilá ilê lá lá ê ilá ilê
sou da bahia sou do rio de janeiro
ilá ilê lá lá ê ilá ilê
sou maranhense de são paulo eu sou mineiro

era certo no alvorecer do sol
mamãe mandinga ir na roça me chamar
para limpar a sujeira que sinhô
todo dia fazia mais sinhá

ilá ilê lá lá ê ilá ilê
a corda gente para a luz do povo negro
ilá ilê lá lá ê ilá ilê
vai iluminar o coração do mundo inteiro



oferto esta graça divina e ancestral a jociara souza, por seu brilho, força e continuidade.