quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sem Título



Quem eu era e quem fui...

Quem eu era e quem sou.


Dores, crises e lamentos por dias contemporâneos que persistem desarrumados, desarrumando o ritual que já não mais referencia nada que seja possível administrar nestes sentidos que não fazem mais sentido... Que também não mais existem.


E porque chora, ora serena, ora tempestuosa, se no percurso que jorra é destino encontrar o liso, livre, híbrido?


Então solta essas amarras e navega onde só o vento pode acompanhar.


Acende a luz e nota que é claro em outro tempo e que o espaço é movimento e lhe permite navegar.


Escreve nas nuvens, cospe nas águas tuas letras desgastadas e finda o penar.


O mar amará teus braços e amarrará sem nós o teu mergulho espontâneo e sedento das águas frias que curam ressaca das quais nos despedimos consideravelmente mais leves.


E se este é o Universo que lhe chama e se o teu coração arde em chamas, chama o teu querer pois sofrer é fardo, é pedra, é baixo e pouco para tamanho Ser.


Ser Tão e Tanto...

Sentir-Se Tão e Tanto...


Seja. Sinta. Acredite.


Agora, por essas palavras, para mim e para você, oferte um sorriso!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mãe sem Fim

A mãe-terra gritou!
Um som forte, em ritmo intenso, regado de amor e dor.

Terra-mãe gritou!
Sua mensagem navega pelos mares;
no movimento do vento ela canta
lança sementes para as extremidades
do centro da Terra para suas regiões mais periféricas

A mãe-terra gritou...
Terra-mãe cor de terra
terra-preta cor de mão calejada
terra-mãe-preta-cansada 
pediu ajuda a seus orixás

Mãe-proteção, mãe-coração
mãe cheia de mãos

Em certo dia vinte,
aos vinte dias de um negro mês,
vim de longe ver nascer
um negro amor:
Mãe-negra que a negra-Mãe abençoou.

Mãe-África pede ajuda
um coração para abrigar filhos teus
arrancados de teu seio

"Amamenta, Mãe Vanda"
mãe-de-leite dessa gente
filhos de uma terra-filha
Abriga mãe adotiva.

Da terra-mãe
ao mar 
da Baía de Guanabara

teus ancestrais lhe atraem 
para uma outra Baía,
minha, dela e de todos os santos
a negra de encanto e axé
ritual e beleza.

O burugudú dos tambores
de lá para cá
batucam nossa mãe-rainha

Olodum, Mangueira e Malê 
e Vila Isabel
beijam-mãe-flor 
que é raíz destes homens
de amores e dores

E se o Ilê é lindo de ver
ah, minha mãe...
linda é você

Tua beleza além das palavras 
dos olhos
além das fronteiras 
de linhas que traçam territórios.

África-bela ajuda pediu
uma negra-bela surgiu

Graça e glória
Nanã, Oxum, Xangô
à mãe Vanda

Sorriso que vem da raíz
da terra

O pulsante expande energia
por vias e veias
explode e contagia
a tudo e todos que lhe rodeiam.

Para concluir homenagem sem fim
convido a todos
daí, de lá e daqui

a receber este calor
este ardor
em volta da Mãe-Baobá

de mãos dadas
a essa energia
para que se multiplique
e continue assim...

Mãe Vanda
Mãe Sem Fim...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Aos Meus Pais

Por Natureza França


Aqui do quarto escuto ele

Ao violão

Lá com seus livros, fotos e conspirações

Lembranças remotas de eras e eras

Que eram e se foram

Que erram e remontam seus amores

Mas não mudam de lugar


Venho aqui te ver, te viver

Compartilhar

A minha vida que vem de tuas vidas

Hoje não intensamente mais vividas com a mesma glória que o passado me cutuca

Mas ainda são vocês

E se este sou eu, para sempre quer ser

Meu herói


Construímos o poder de errar e sofrer

Mas pensar e pensar para sorrir do mar e do fogo

Que queima as mãos às cabeças prensadas,

E prensadas


Queremos sorrir

Para seguir

Queremos sorrir

E seguir

Porque somos nós

Aqui é o nosso lugar

Minha raiz na beira do mar da baía


Minha baía

Minha e de todos os santos


Meus pés na maré

A linha do mar

Alinhada à linha do céu

Montanha cortando em dentes de um Tubarão


E nesse quintal

Queimamos as folhas, queimamos neurônios

Queimamos a lua com nuvens baixas

De fumaça


Capinar os sonhos, plantar mudas de sonhos reais

E surreais


Escuto o silêncio,

Ele parou de tocar

Veio aqui me cutucar


Venho aqui para não esquecer

Que esse sou eu

E que eu sou vocês.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Sentido


Por Natureza França
Em agosto de 2009





Mina água
O sal da tua essência brota da minha face
E arde



O não saber, o não querer e nada poder fazer
E eu que pensei ser forte
Me pego batendo as fontes até descobrir o quão imponente a paisagem que me guarda atrás dos montes



Eu vou buscar você
A minha resposta
Cambaleando até reencontrar o sentido para viver



Ele vai surgir
E me dirá, letra por letra, tudo o que eu quero ouvir

Mas até lá estou aqui
Sem sentido, sem noção
Sem você e sem respostas



E me prove que a alegria é aprova dos nove
Me tire deste nada
Me encontre que eu me acho em horizonte com farol



Vem, meu ponto de luz
Guia meus passos nesse instante
A multidão me esconde de mim mesma



Me ache e me leve
Me trague e me traga
Me faça alguém.
Por Natureza França

Em 24/06/2009







Meu Pai... Meu Filho



Meu Pai, o primeiro homem da minha vida



Meu filho, o primeiro homem a quem eu dei a vida



Do meu Pai sou fruto

Do meu filho sou árvore



Meu Pai, meu companheiro desde sempre

Meu filho, companhia das mais intensas vivências



Ao meu Pai curvo-me pelo respeito à sua sabedoria e temor à sua grandeza

Ao meu filho me curvo por seu poder de me ensinar a ser grande e sábia



Meu Pai, Meu Filho

Um suspiro forte vem tentando fugir daquele nó que agora sobe pelos espaços vazios de mim.



Dois homens, uma mulher

Um mais velho, um mais novo

Um Pai. Um filho



Dois únicos, cada um

Completam-se

Completam-me

Completam-se para mim



Meu Pai me criou

Meu filho me adaptou

Sou perfeita obra dos Grandes Maestros que regem minha vida



Ao Grande Mestre, sentimentos de filha para pai.
Ao Grande Discípulo, estamos junto nessa.


Sempre.

Bebida alcóolica melancólica

Por Natureza França
Em agosto de 2009


A bebida é algo que me incomoda profundamente. Ela furta minha razão, memória e coerência. Me desquilibra, por mais esporádica que seja, perco a estrutura dos eixos.
(...)
A bebida bloqueia minha capacidade de desenvolver raciocínios. Não crio, não penso, não escrevo, logo, não existo.
E por que? Por uma breve euforia e, no final das contas, banal.
Um estímulo que burla meus princípios e como consequência uma dor de cabeça e empenho para lembrar de ações recentes.
Com a bebida não vejo intensidade em nada positivo. Ela é o troféu e os esforços conspiram para atingir um ápice imbecil, me afastando de sentimentos e desejos genuinamente meus. E se extravazar é o foco, conheço outros meios mais satisfatórios.
Com a bebida, sinto falta do meu filho e do carinho que não dispensei a ele por estar envolvida com uma ferramenta podre de socialização.
Antes, quando eliminei a bebida como hábito, sabia que haviam motivos ainda nao tão claros, pois o fim era único e objetivo. Hoje, depois de um porre insuportável (que ressaca!) e com um pouco mais de maturidade para interpretar fatos, definitivamente, afirmo: A bebida, quero deixar bem claro que não me refiro ao ato de reunir-se com amigos para degustar, apreciar, confraternizar, mas à embriaguez consequente, que é prova de que a dosagem desta droga deveria ser controlada pela justiça, assim como outras drogas são proibidas ao meu ver indevidamente, me faz mal.
Eu, que tenho este poder sobre o meu réu, o condeno à liberdade de comportamento, expressão, análise, companhia, apreciação e todas as mais que a embriaguez distanciam de mim.


O que são as drogas numa sociedade??
O que é proibido ou o que nos deixam uma droga no dia seguinte?
Quem é conhecedor ou capaz o suficiente para arriscar definir???