domingo, 2 de junho de 2013

eu não sei sambar


na roda de samba Ela vem
e ele com ela
por ele, Ela me vem

o sal da terra penetra
é pelo tambor
o encontro do corpo no encanto do olhar
um ritual

Ela me chama e eu volto pra mim
já faz tempo que Ela me chama assim
agora vem de volta

no sol que suei, suaram os meus
é ancestral

quem vem de lá, vem me ver
e vem comigo sambar

eu risquei no mapa meu lápis preto: a minha cor
cheguei onde estou

na terra que toca, batuca, estremece meu corpo 
assim eu volto
pois sou de lá

missão que ainda não sei
a mão do meu povo canta meus caboclos
e eu não sei sambar

apanho do samba, de todos os santos
meus santos

as mãos espancam o instrumento
meu corpo em movimento
e eu não sei sambar

catando os tantos de lá
desde a luz do sol do recôncavo

suor trocado para recebê-La
meus poros se abrem por Ela

dentro do corpo um coração sente
o que a cabeça ainda não compreende
ainda por revelar

e eu sei
que ainda não sei 
sambar

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