sábado, 24 de maio de 2014

alegoria da raça ou alforria da dor


choro em oração sem saber 
o que diz meu coração
da emoção que não sei traduzir.
quem sabe é a alma, ela conhece a luz

eu danço em oração no equilíbrio da roda
onde o divino recebe a todos e suas preces 
que sobem pelos pés como um vulcão
e o suor lança ao infinito as preces do chão
que são nossas também

tem festa de reis:
rei negro foi o primeiro a chegar
para ver o menino jesus

nas bandas do rei tem samba de roda e jongo
coco e maracatu
na roda onde cantam as vozes do ontem
responde a alma, o corpo e as palmas.
na roda o povo é rei


acreditou-se apagar, desaparecer
mas os santos deuses negros são 
nossos cânticos os veneram para que mostrem o caminho
onde elevamos o ser


a gente vive, existe e festeja
na história que a gente risca 
a gente resiste às borrachas do poder


nossa alegoria é a alforria da dor que se vai. vai dor...
vai que não há nada mais reluzente neste mundo
que a história de nossa cor.



em 27/04/2014

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